O LADO PITORESCO DA MARINHA
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06 de janeiro de 2021
Reminiscências navais do porto de Recife
Recentemente, navegando na internet, deparei-me com a revista “ Recife na trilha das festas” editada em dezembro de 2013. A revista faz um panorama histórico de algumas festas recifenses, destacando-se as realizadas em 1989, num movimento musical alternativo no Recife antigo, que precederam o movimento denominado “ mangue bit”.
O Recife antigo é a zona portuária onde funcionavam bórdeis e boites, sendo que na década de 1980 uma das mais renomadas era a Adilia’s Place , situada num sobrado com arquitetura dos anos de 1930 e interior ornamentado com motivos naúticos.
Conforme a revista cita , por essas belas características e o bom entendimento mantido com a proprietária do estabelecimento , senhora Adília, o local foi alugado para a primeira festa, que alcançou grande sucesso e projetou a região no cenário musical alternativo. Posteriormente, o estabelecimento mudou o nome para Frank’s bar. Lamentavelmente, em 1995 o prédio sofreu um grave incêndio e não mais existe.
Junto ao texto, chamou minha atenção a existência de duas fotografias: uma do salão e a outra de uma das paredes. Consegui cópia desta última, atribuída ao fotógrafo H.D.Mabuse, e que é reproduzida abaixo.
Passemos, então, às reminicências do porto de Recife.
Em 1985 eu era o Encarregado da 1º Divisão do NTrT Soares Dutra e alguns marinheiros me relataram que a senhora Adília, proprietária do famoso estabelecimento mencionado acima, e as moças que lá trabalhavam, os recebiam muito bem. Na ocasião, me informaram que o ambiente era decorado com motivos naúticos, e que o “Leão Vermelho” não estava lá representado, perdendo espaço para outros navios da Força de Apoio. Não tive dúvida: autorizei que preparassem uma bóia salva-vidas que seria doada e passaria a brilhar na decoração do salão que homenageava os homens do mar. A bóia aparece com merecido destaque na citada foto.
Na década de 1980, no porto de Recife, havia movimento da linha férrea e muitos vagões de carga fechada ou de plataforma transitavam ou permaneciam estacionados no local.
Nessa época, os cabos e marinheiros , para baixarem terra nos portos, precisavam fazê-lo fardados. O fato é que a marujada precisava trocar de roupa em algum lugar para passear na cidade. Muitos utilizavam os vagões fechados (as portas ficavam abertas) para esta faina e alguns deixavam as bolsas com o fardamento à própria sorte dentro destes vagões. Às vezes, o nauta ao retornar para bordo não encontrava o vagão e ficava na “onça” para entrar a bordo. A solução era pedir para alguém emprestar uma andaina de fardamento. Outra solução, realizada de madrugada com cobertura do pessoal de serviço no portaló, era entrar , furtiva e rapidamente, à paisana.
Certa vez, um oficial ao baixar terra e dirigir-se ao seu carro, que estava estacionado nas proximidades do navio, não prestou atenção nos possíveis obstáculos existentes na região portuária. Era noite e a iluminação precária. Havia próximo do seu carro um vagão plataforma, pintado de preto , parado. O motorista desatento ao sair com o seu carro não percebeu a existência do vagão que tem pouca altura e não tem superestrutura para chamar a atenção. A colisão foi forte e o carro precisou ser deixado aos cuidados da seguradoura e foi recebido uns 30 dias após, no regresso do navio ao porto.
Em certa ocasião, o Mestre do navio, ao retornar para bordo de madrugada, estando muito cansado, adormeceu no carro antes de estacioná-lo adequadamente. Sem perceber, havia parado sobre a linha férrea. A horas tantas, uma composição entrou em movimento. Ele, mesmo meio sonado, só teve tempo de avistar a luz forte de um farol , em marcação constante e distância diminuindo. A colisão era iminente. Por sorte, o anjo da guarda do velho nauta estava atento e alertou o maquinista, que conseguiu parar o trem antes da colisão.
*Texto: CMG(RM1) RONALD dos Santos Santiago.
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12 de outubro de 2020
Um dia na vida de um marinheiros
É bem diferente, não tem paradeiro
Navio balança, feroz a jogar
Com a fúria das ondas na procela do mar
Netuno revolto, zangado, raivoso
Balança o tridente, oceano nervoso
Testando o marujo de primeira viagem
Que enfrenta a fúria, mostrando coragem
E o navio navega, não pode parar
Marujo tem fibra mas respeita o mar
*Versos escritos pelo SO (EL-SB) José Maria de Freitas Campos.
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14 de setembro de 2020
QUEM É?
Quem vem lá todo de branco
Trazendo um sorriso franco
Embandeirado e cheio de cruz?
Quem vem lá com seu carinho
Assistir ao ribeirinho
Desse mundo de Jesus?
Quem navega solidário
Pelos rios solitários
Da cabeça do Brasil?
Quem a Amazônia sem fim
Navega tin-tin por tin-tin
Assistindo povos mil?
Que é que traz esperança
Que parte e deixa lembrança
Na alma um rastro de luz?
É um navio da Marinha
E sua guarnição inteirinha
É o NAsH Oswaldo Cruz!
*Um poema escrito pelo SO José Maria de Freitas Campos para o Navio de Assistência Hospitalar Oswaldo Cruz, que opera levando SAÚDE ONDE HOUVER VIDA nos rincões da Amazônia.
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18 de fevereiro de 2020
TURMA 1/73, DA BNA - O encontro de Pirapora - MG – 26 A 28/01/2019!
Finalmente o grande dia chegou, com 46 anos de atraso, mais finalmente chegou, involuntariamente (inconscientemente) esperávamos por este dia, e foi possível, graças à tecnologia, às redes ditas sociais, ao amigo Augusto Barreto que encontrou o Nilton no face, que hoje estamos aqui, que estamos felizes aqui, quem poderia imaginar que depois de 46 anos poderíamos nos reunir, e nos unir novamente, nem a melhor mente, nenhuma somente, poderia imaginar....
*Texto: SO-Refº-ES DULCINALVO Ramos Sampaio
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26 de outubro de 2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo tempo que me foi concedido servir nesta autarquia, Marinha do Brasil, onde agreguei valores imensuráveis, servi com homens e mulheres que com grande sapiência conduzem esta instituição, não irei nomear, pois minha mente iria furtar alguns, e não seria justo...
*Texto: SO-RM1-AM Ramos
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11 de fevereiro de 2019
COINCIDÊNCIA OU CASTIGO E REDENÇÃO
Em junho de 1983, entrei para a Marinha do Brasil (MB), após ser aprovado no concurso para Escola de Aprendizes de Marinheiros de Pernambuco (EAMPE). Esse era o sonho de minha vida. Porém, quando fiz a viagem de Instrução no Navio Transporte de Tropa (NTrT) Ary Parreiras, fiquei muito MAREADO....
*Texto: SO-RM1-TL Getulio
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11 de fevereiro de 2019
VIVER PARA SER TELEGRAFISTA
Ao ingressar para a Escola de Aprendizes Marinheiros, em 1983, descobri que existia a profissão de TELEGRAFISTA (TL) e decidi que seria um deles. Fui Grumete do antigo QSO, que me dava a opção de escolher a profissão de TL. Embarquei como Marinheiro no Navio Aerodromo Ligeiro Minas Gerais....
*Texto: SO-RM1-TL Getulio
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02 de outubro de 2018
CONVESES ROTOS
Conveses rotos
voltei de tempestades
cheguei de travessias
vim do oceano
do mar-alto
dos abismos
tenho o corpo ferido em vento e mar
a alma em fúria
o coração em fogo
o peito em dor
marinheiro andante de rotas e derrotas
trago as histórias que vivi de portos e mulheres
eu menino travesso
eu adolescente triste
eu homem desesperado
meus pés têm o lanho de conveses rotos
em navios sem rumo pelos mares da vida
e minhas mãos as marcas de pesadas enxárcias
cabos trançados
espringues e lançantes
voltei de longe
de horizontes e ventos
de madrugadas lentas e manhãs ardentes
e muitas horas de vigília em mastros oscilantes
de noites negras em céu multiestrelado
de plêiades e estrelas solitárias
constelações e galáxias
vim de dunas
de alísios
de praias brancas imensas
litorais ao longe
oceano infinito
vim de noites sem dormir em mar encapelado
navios como nozes jogados entre ondas
naufrágios e balsas
nenhum cais
nenhum porto
e chego aqui em tua casa
em teu porto
em teu cais
e chego coração
alma
peito aberto
na busca do repouso de uma tarde assim,
em brisa mansa e tépido convívio
para saber tua presença
teu silêncio
teu vulto de mulher que me enternece
e encanta.
*Lucimar Luciano de Oliveira (Oficial de Marinha)
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06 de fevereiro de 2018
HOMENAGEM AOS 30 ANOS DA TURMA 1/88 BASE NAVAL DE ARATU
Era o ano de 1988 no dia 18 de janeiro, nascia na Base Naval de Aratu a turma 1/88 na Escola de reservistas navais, no início um período de adaptação... segue um “pequeno relato” de minha memória...
*Texto: Josafá P. Lima
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29 de novembro de 2017
CENTRO DE INSTRUÇÃO
“Correndo! Correndo! Quero ver todo mundo correndo! Ei você aí, tá rindo de quê?”
Essas foram as palavras de boas-vindas de nosso primeiro dia no Centro de Instrução, ou o então Centro de Recrutamento (CR), no Guandu do Sapê. Era dia 13 de junho de 1994. Saí de casa numa segunda-feira ainda fria, depois de acordar bem cedo e fazer a barba. Estava, porém, ainda cansado por causa do churrasco de despedida dos amigos e parentes no dia anterior. Ainda tivemos que esperar o relógio marcar seis horas da manhã para podermos cruzar o portão. Logo que uma sirene soou, as sentinelas nos orientaram para entrarmos enquanto avisavam: — “Isto aqui é um verdadeiro inferno, senhores!”.
Assustado, assim como todos os outros ao ouvirem o feérico soldado, fui conduzido a um dos três grandes grupos de paisanos que ainda éramos e dali, nos dividiam na medida em que o sargento ia chamando um a um pelo nome completo e nos ordenando para compor outros grupos, que agora eram seis, compostos cada um por sessenta homens. Ainda não tínhamos entrado no “inferno” que se havia anunciado, ou a própria cooptação. Estávamos sendo divididos em pelotões, dois para cada companhia. Quando olhava para os outros, não via seus rostos, via apenas expressões, pois estávamos deixando muitas coisas para trás, e em alguns casos, entregando nossas vidas nas mãos daqueles homens-instrutores, que pareciam impenetráveis para um grupo de recrutas assustados e totalmente despreparados.
Não demorou muito para que alguém viesse para as apresentações. Fomos informados de que deveríamos ficar parados naquela posição, sempre respeitando a altura: os maiores na frente; e ficar de frente para o instrutor, com as pernas separadas nos seus aproximados quarenta e cinco centímetros, braços para trás, mãos se encontrando num entrelace e a postura corretamente ereta, bem como a cabeça, mantendo o olhar sempre no horizonte. Estávamos aprendendo a posição correta de “descansar” militarmente numa formatura.
Dali então, partimos quartel adentro andando, um atrás do outro, a descortinar cada canto, enquanto a banda, que eu ainda não tinha reparado, nos recepcionava com uma canção militar chamada “Cisne Branco”, como se tudo aquilo fizesse parte de um serviço de bordo completo. Lembro-me de ter ficado até bastante emocionado – na verdade eu nem acreditava no que estava acontecendo!
Trecho do livro FUZILEIROS NAVAIS - SOLDADOS DA LIBERDADE.
*Márcio Costa de Oliveira
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09 de novembro de 2017
VIAGEM DE BARCO
Ao largar as espias,
Às vezes dói o coração
Tem marujos nos conveses
E outros tantos nos porões.
A doutrina nos ensina
A zelar pela pátria e a família
Cada um tem um motivo
Pra voltar, ser útil, e isso cativa.
Às vezes, nos momentos de banzo
O bom marujo entoa um canto
O horizonte acalenta e distrai
Sua amada da mente não sai.
O melhor porto do mundo
É o da nossa cidade natal
É hora de ver a família
A esposa, a mãe, o filho, a filha, o pai
Se não tiver quem os acolha
Com certeza vão a um bar
Esquecer as mazelas da vida
Pensando em voltar pro mar.
Quando finda a viagem
Alivio pro coração
Certeza do dever cumprido
Aguardando nova missão
*1º SG - AM (Ref.) Edson Rodrigues Valadares
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01 de novembro de 2017
DESPEDIDA DE UM VELHO MARINHEIRO
Hoje é um dia muito especial pra mim, o dia em que eu finalizo o meu sonho de servir a Pátria como militar da Gloriosa Marinha do Brasil. Ingressei nas Forças Armadas para cumprir com o meu Serviço Militar Obrigatório, escolhendo a Marinha, um sonho que tinha desde pequeno, pois sempre que assistia ou lia algo sobre a Marinha eu me imaginava fardado naquele uniforme branco impecável, dando orgulho a minha família e aos meus amigos. Quando cheguei a Marinha jamais imaginei que as coisas aconteceriam dessa forma, no começo, quando pisei na Base Naval de Aratu pela primeira vez, a primeira coisa que eu avistei foram os navios docados para reparos, achei aquilo uma coisa de outro mundo, jamais tinha visto de perto um navio de guerra, era tudo diferente pra mim, parecia que eu estava em outro mundo. Quando começou o período de adaptação cai na realidade e achei tudo muito difícil, cansativo e até mesmo impossível, nas noites em que eu tinha uma folga e me isolava dos demais, parava para refletir e me perguntava o que eu estava fazendo ali, pois meu sonho se tornara um pesadelo, eram atividades muito estranhas, toda uma rotina nova na minha vida, desde a alvorada até o horário do silêncio como: Exercícios físicos obrigatórios, mudanças de hábitos, horários da alimentação, dormir em treliche em um alojamento com mais de 60 alunos, estudo integral, inclusive após o jantar até a hora da ceia, faxinas e principalmente ralação, este último, quase que me fazendo desistir, pois os instrutores eram casca grossa e muitas outras atividades, tudo, para fazer de mim um “Soldado do Mar” para servir ao meu País.
Ao longo de minha carreira passei por momentos memoráveis, dentre os quais posso citar a minha formação no Curso de Especialização de Escrita e Fazenda, o embarque em diversos navios de guerra, meus diversos voos em aeronaves da Marinha, aprovação no Curso de Formação de Sargentos e a mais almejada de todas, a promoção a Suboficial. Aqui aprendi o espírito de camaradagem e fiz colegas, amigos e irmãos, transmiti meus ensinamentos aos mais novos, o que é um motivo de orgulho pra mim.
Com trechos da música despedida do Rei Roberto Carlos: “Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer. Em qualquer lugar por onde eu andar, vou lembrar de você. E depois o meu caminho seguir, o meu coração aqui vou deixar, não ligue se acaso eu chorar mas agora adeus”. Minha querida e amada Marinha.
Missão cumprida, deixo o Serviço Ativo com o sentimento de dever cumprido, aos que ficam, desejo tudo de bom e que cada um cumpra com o seu dever e não permitam que destruam a nossa Marinha. Prestar minha última continência ao Pavilhão Nacional, como Militar da Ativa, com os olhos cheios de lágrimas agradeço a Deus e a Marinha do Brasil por ter me dado a honra de ter me tornado um Marinheiro.
EM CONTINÊNCIA! BRASIL, MARINHA.
*Suboficial RM1-ES DÊNIO NOVAES DUARTE
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05 de setembro de 2017
LAGO PARANOÁ
Durante o tempo em que estive na ativa, servindo por 7 anos na área do Com7ºDN, o fato que me chamou atenção, por sua particularidade e unicidade, foi o lago Paranoá. Assim, compus um samba em sua homenagem.
*Suboficial-RM1-ES Valdir Braz de Azevedo
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02 de agosto de 2017
UMA SEREIA EM MINHA VIDA
Minha história começa em uma das comissões que o Navio-Oficina “Belmonte” fez na costa de Marataízes, litoral do Espírito Santo, no ano de 1994. Estávamos participando de uma operação com os Fuzileiros Navais. O grupo embarcado era o de RECONTER e nossa missão seria desembarcá-los o mais próximo da praia, para que pudessem fazer o reconhecimento do terreno e tomar a praia sem serem vistos. Na madrugada, chegamos à praia, desembarcamos o grupo e seguimos para o ponto de fundeio. Outros navios fizeram o que estava determinado e fundearam próximos.
Dois dias depois do início da missão, por volta das 14h, eu estava de serviço de Cabo Auxiliar e, pela estrutura do Navio-Oficina “Belmonte”, o Cabo Auxiliar ficava do lado de fora da estrutura coberta do navio. Tendo toda visão do mar e pela posição do Navio eu conseguia ver nitidamente a terra, ou melhor, a praia. Procurei saber e me informaram que estávamos a 12 quilômetros da praia. O céu estava limpo, o mar azul. Pela tranquilidade das ondas, podia-se dizer que estava um “mar de Almirante”.
De repente pude perceber algo nadando em direção ao Navio, no sentido praia mar aberto. O nado era parecido aos dos golfinhos, com movimentos de cauda muito próximos à superfície. Ao nadar, não tinha batimento de braços da água e vinha aproximando-se rapidamente. Quando percebi que o seu trajeto seria a estrutura do Navio, corri para saber o quê vinha em nossa direção, uma vez que o Navio estava em exercício e sua integridade teria que ser preservada. Nesse momento, percebi que o Cabo-MR Delfino, que estava de vigia do ferro (âncora), havia avistado o que eu vi e também veio correndo em minha direção. Do ponto em que ambos estávamos não dava para termos contato visual um do outro, mas vimos a mesma coisa. E, por isso, nos deparamos um de frente para o outro sem entender o ocorrido. Ao olharmos para a água, tive uma grande surpresa. Eis que ali, diante de nós, estava parada uma mulher de pele morena clara, cabelos negros abaixo da linha da cintura, seios à mostra, um rosto com expressão saudável, pele limpa, olhos negros. Aparentava, comparando-se a uma mulher humana, ter seus vinte anos de idade. Porém, ficamos pasmos olhando-a, cerca de uns 10 metros do casco do navio. Enquanto boiava e nos olhava sem nada dizer, de repente ela começou a elevar seu dorso da água e dava para ver as escamas na altura da cintura, que brilhavam ao sol. Nada dissemos. Só a observávamos, sem reação. Outros dois militares que estavam em pontos diferentes do navio teriam visto a mesma coisa, ao mesmo tempo. Em algum momento, algo lhe chamou a atenção e ela se virou e mergulhou mostrando sua imensa nadadeira, levantando um bom volume de água. Quando percebemos, ela já havia ido embora e ouvimos o Oficial que estava no passadiço nos gritando, querendo saber o que tinha acontecido. Subimos e fomos contar o que vimos e o Oficial nos levou ao Comandante do Navio, onde mais uma vez relatamos tudo o que aconteceu. Ele balançou a cabeça e disse: “voltem aos seus postos!”.
Essa minha experiência foi única! E, até hoje, sei que há algo que não podemos explicar nas profundezas do mar. Mas a sereia que vi, sei que continua por aí. Sua imagem em minha cabeça é nítida até hoje.
*Suboficial-RM1-PL Renato Bento