Navio de Pesquisa Hidroceanográfico

 

Missão

Executar levantamentos hidroceanográficos, realizar coleta de dados ambientais e apoiar pesquisas científicas em áreas marítimas de interesse, além de apoiar tarefas afetas aos auxílios à navegação, a fim de contribuir para o cumprimento das atividades relacionadas à Diretoria de Hidrografia e Navegação.

Meio Naval: H39 - "Vital de Oliveira"

 

Nome

O nome do Navio – “Vital de Oliveira” – foi estabelecido em homenagem ao Capitão de Fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira (1829-1867), Patrono da Hidrografia, nascido na cidade de Recife e morto heroicamente em combate, durante a Guerra do Paraguai, em 2 de fevereiro de 1867, quando, no comando do Monitor Encouraçado “Silvado”, bombardeava a fortaleza de Curupaiti. Destacado navegador, geógrafo e um dos mais relevantes hidrógrafos que a Marinha do Brasil (MB) já teve, Vital de Oliveira realizou importantes levantamentos da nossa costa entre os rios São Francisco e Mossoró, os quais foram utilizados na confecção de uma série de cartas náuticas.

 

História

Em 23 de janeiro de 2012, o Brasil assinou um Protocolo de Intenções que estabeleceu bases para cooperação tecnológica em pesquisa, desenvolvimento dos recursos vivos e não vivos no ambiente marinho das Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB) e áreas adjacentes. Esse foi o primeiro documento do Navio, que levou à assinatura em 20 de setembro de 2012 do Acordo de Cooperação (AC) entre a Marinha do Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a PETROBRAS, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) a VALE para ampliar a infraestrutura para a pesquisa científica marinha por meio da aquisição de um Navio Hidroceanográfico. No documento foi expresso o interesse comum no desenvolvimento de pesquisas científicas no meio ambiente marinho, tendo em vista os seguintes aspectos:

a) A capacitação e mobilização de recursos humanos e disponibilização de meios materiais e logísticos necessários ao aprimoramento da coleta, do processamento e do armazenamento de dados meteo-oceanográficos, bem como à execução de projetos de observação e modelagem numérica ambiental;

b) O aprimoramento das pesquisas científicas relacionadas com a hidrografia, oceanografia, cartografia, meteorologia, navegação, contribuindo, ainda, para a sinalização náutica;

c) A exploração eficaz e utilização sustentável dos recursos existentes no meio ambiente marinho, o que importará em benefício dos PARTÍCIPES e no desenvolvimento socioeconômico do país;

d) O aprimoramento da infraestrutura instalada para coleta e processamento de dados hidrogáficos, meteorológicos e oceanográficos;

e) O interesse dos PARTÍCIPES em ter um navio de pesquisa, como decorrência da necessidade premente do país em implementar Planos Setoriais que visem ao conhecimento científico sobre os oceanos, com ênfase no monitoramento e na caracterização física, química, biológica, geológica e ambiental de áreas julgadas estratégicas nas águas sob jurisdição brasileira, e essenciais para a consecução das políticas definidas para o melhor aproveitamento das riquezas e potencialidades contidas no Atlântico Sul e Tropical e águas jurisdicionais contíguas; e

f) A necessidade de se legitimar pretensões do Governo do Brasil, sob o ponto de vista da participação científica em programas e projetos de pesquisa nacionais e internacionais no Atlântico Sul e Equatorial, com expedições para a coleta de dados oceanográficos e ambientais, bem como a realização de levantamentos sobre a potencialidades da prospecção e exploração mineral em regiões com importância econômica e político-estratégicas para o país, a fim de subsidiar pleitos nacionais em organismos internacionais.

A MB consultou estaleiros nacionais e internacionais buscando um Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) capaz de atender aos requisitos dos partícipes no Acordo de Cooperação em até 18 meses após a assinatura do Contrato. A vencedora do processo licitatório foi a empresa norueguesa ASK Subsea AS, que foi contratada em 7 de junho de 2013, para construir o navio. No período da construção, a contratada teve seu nome alterado para Northern Research Shipping (NRS). As obras foram conduzidas no estaleiro Guangzhou Hangtong Shipbuilding and Shipping Co. Ltd, em Xinhui, China e foram supervisionadas pelo Grupo de Fiscalização, Apoio Técnico e Administrativo (GFCATA) da MB. O Navio fez sua primeira docagem no estaleiro ST Marine Shipyard, em Singapura, para instalação dos equipamentos científicos e da gôndola para os transdutores. A incorporação à Armada se deu em Singapura, atracado no cais da Keppel Marina.

Conforme a Portaria nº 136/MB, de 20 de março de 2015, o NPqHo “Vital de Oliveira” foi classificado como Navio de segunda classe e recebeu o indicativo de costado H-39. Nesta mesma data da incorporação, ocorreram as Cerimônias de Batismo e de Transferência para o Setor Operativo. O Navio passou à subordinação da Diretoria-Geral de Navegação (DGN) e, de acordo com a Portaria nº 2/DGN, de 20 de março de 2015, o “Polvo Hidrográfico”, como é carinhosamente conhecido, teve sua subordinação transferida para a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), ficando diretamente subordinado ao Grupamento de Navios Hidroceanográficos (GNHo). Entre 20 de abril a 4 de maio, o Navio operou no Oceano Índico para realizar o comissionamento dos seus equipamentos científicos. A travessia ao Brasil iniciou-se em 18 de maio, quando o Navio suspendeu do cais da Keppel Marina, Singapura para o Brasil com escalas nas Ilhas Maurício e na Cidade do Cabo (África do Sul). Finalmente, em 23 de julho de 2015, ocorreu a Cerimônia de Recepção do NPqHo “Vital de Oliveira” no cais da Base Almirante Castro e Silva (BACS) em Niterói (RJ), com a presença do Ministro da Defesa, do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Comandante da Marinha, outras autoridades civis e militares, representantes da Comunidade Científica e os familiares da tripulação.

 

Datas

- Início da construção: 10 de junho de 2013

- Batimento de Quilha: 16 de outubro de 2013

- Lançamento ao mar: 28 de setembro de 2014

- Travessia para Singapura: 15 a 23 de fevereiro de 2015

- Docagem em Singapura: 6 de março de 2015

- Incorporação à Armada: 20 de março de 2015

- Mostra de armamento: 24 de março de 2015

- Desatracação de Singapura: 18 de maio de 2015

- Chegada ao Brasil na BACS (Niterói-RJ): 23 de julho de 2015

 

Características

Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira

Indicativo de costado: H39

Indicativo internacional: PWVO

Comprimento: 78,0 metros

Boca (largura): 20,0 metros

Pontal: 6,5 metros

Deslocamento plena carga: 5.000 toneladas

Deslocamento padrão: 4.200 toneladas

Calado plena carga: 6,30 metros

Tripulação: 90

Pesquisadores: 40

Propulsão:

• 2 Motores de Combustão Principal Wartsila W9L20 de 9 cilindros/1800 kW/2440 BHP;

• 2 eixos propulsores;

• 2 Thrusters Azimutais Wartsila CS250-S/WN-K;

• 2 Thrusters Laterais Kawasaki;

• Sistema de Posicionamento Dinâmico Classe 2 Kongsberg K-Pos DP-21;

• Sistema de Posicionamento Acústico Kongsberg HIPAP 501;

Geração de Energia:

• 2 Geradores de Eixo Leroy Sommer LSAM51.2 S55 de 1625 kVA/1300 kW/440V/60Hz;

• 3 Motores de Combustão Auxiliar Caterpilar C18 e Gerador SR4B de 687 kVA/550 kW/440V/60Hz;

• 1 Diesel-Gerador de Emergência Cummins 6CTA8.3-DM;

Velocidade econômica: 7 nós

Velocidade máxima mantida: 9 nós

Velocidade máxima: 12 nós

Autonomia: 30 dias

Estrutura de pesquisa:

• 1 laboratório “seco” para Hidrografia, Geofísica e Oceanografia;

• 1 laboratório “molhado” para Oceanografia e Geologia;

• 1 laboratório para operação do veículo operado remotamente (ROV);

• 6 guinchos oceanográficos:

◦ guincho geológico Dynacom 766 com 8.000 metros;

◦ guincho oceanográfico Dynacon 592 com 7.000 metros;

◦ guincho de operação do ROV com 5.200 metros;

◦ guincho para arrasto de redes com 4.000 metros;

◦ guincho do perfilador com Navio em movimento (MVP) com 3.400 metros;

◦ guincho do sonar de varredura lateral com 800 metros;

• 3 guindastes;

• 3 arcos, sendo 2 laterais e 1 de popa;

• 7 embarcações miúdas:

◦ 2 lanchas hidrográficas de 4,5 ton com ecobatímetro multifeixe Kongsberg EM 2040;

◦ 3 botes infláveis;

◦ 2 baleeiras fechadas com capacidade para 75 pessoas;

• 28 equipamentos científicos principais:

◦ ecobatímetro multifeixe Kongsberg EM 710 para águas rasas até 2.000 metros;

◦ ecobatímetro multifeixe Kongsberg EM 122 para águas profundas até 11.000 metros;

◦ perfilador sub-fundo Kongsberg SBP 120;

◦ sonar de varredura lateral Klein 5000 v2;

◦ magnetômetro rebocado Marine Magnetics, modelo SeaSPY 2;

◦ gravímetro Micro-G Lacoste modelo MGS-6;

◦ veículo operado remotamente ROV Sperre Sub-Fighter 15-K com sistema TV GRAB;

◦ perfilador com Navio em movimento Rolls Royce MVP 300-3400 com probes X-SVP&T, X-CTD e contador de partículas a laser LOPC-660;

◦ perfiladores acústicos de correntes ADCP Teledyne OS 75 KHz e 150 KHz;

◦ perfilador acústico de correntes L-ADCP Teledyne WHS-300;

◦ ecobatímetro monofeixe Kongsberg EA 600;

◦ ecobatímetro de navegação Furuno FE 700;

◦ estação meteorológica automática Vaisala MAWS 430 com tetômetro e visibilômetro;

◦ sistema de radiossondagem atmosférica Vaisala MW-41;

◦ sistema de monitoramento de ondas por radar WAMOS II;

◦ termossalinógrafo SBE 21;

◦ conjunto CTD-Rossete para 24 garrafas;

◦ 96 garrafas (48 niskin 12 litros e 48 go flow 12 litros);

◦ perfilador de pressão, temperatura e salinidade CTD SBE 9 plus;

◦ perfilador de pressão, temperatura e salinidade com Navio em movimento U-CTD Oceanscience e probe SBE;

◦ perfilador de temperatura e salinidade XBT MK-21;

◦ perfiladores de velocidade do som na água SVP AML MINOS-X;

◦ medidor de velocidade do som na água Smart Sensor AML MICRO-X;

◦ salinômetros automáticos OSIL Autosal Guildline 8400B e Portasal Guildline 8410A;

◦ amostrador de plâncton Multinet Hydro Bios Kiel modelo MPS Maxi Combi com 9 redes;

◦ sistema de medição de pressão parcial de CO2 General Oceanics Inc 8050;

◦ amostradores geológicos mega box corer e draga van veen; e

◦ testemunhador geológico piston corer.

 

Estrutura de habitabilidade:

• 7 conveses;

• 42 camarotes para até 4 pessoas com banheiro individual;

• 1 enfermaria com 2 leitos;

• 1 consultório odontológico;

• 1 auditório para 56 pessoas;

• 3 academias;

• 1 cyber café com de internet satelital;

• 1 sala de conferências;

• 3 salas de estar;

• 3 refeitórios;

• 1 cozinha industrial;

• 4 frigoríficas;

• 4 paiois;

• 1 barbearia;

• 1 lavanderia; e

• 1 rouparia.

 

Comparação entre os Navios de Pesquisa da Marinha do Brasil

NAVIO
(ordem por deslocamento)
DESL. (ton)
padrão/pleno
COMP. (m) BOCA (m) CALADO (m)
NPo Alte Maximiano 4.700 / 5.540 93,4 13,4 8,0
NPqHo Vital de Oliveira 4.200 / 5.000 78,0 20,0 7,0
NApOc Ary Rongel 3.568 / 3.638 75,2 13,0 6,2
NHoF Alte Graça Aranha 1.770 / 2.440 74,8 13,0 6,0
NHo Cruzeiro do Sul 2.150 / 2.217 65,7 11,0 7,0
NHi Sirius 1.582 / 1.748 77,9 12,0 4,8
NOc Antares 855 / 1.248 55,0 10,3 5,0
NHo Taurus 560 / 762 47,6 10,5 4,5
NHo Amorim do Valle 608 / 909 48,6 10,7 4,4
AvPqHo Asp Moura 404 / 543 36,0 9,0 3,0

 

Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira (H39)