Durante a gravidez, por volta da 21ª semana, descobri que tinha positivado para toxoplasmose. Comecei a medicação, mas, quando fiz a ultrassonografia, foi constatado que o Miguel já tinha sido atingido pela doença. Ali começou um período de muita tensão. Era meu primeiro filho e eu nunca imaginei uma maternidade atípica. Fiquei muito preocupada, não tinha conhecimento dessa doença, o que poderia acontecer, mas não tinha nada que pudesse ser feito. Só aguardar o Miguel nascer.

Eu nunca imaginei tudo isso para o meu filho. Nunca passou pela cabeça que ele poderia ser especial. Tinha muita preocupação se eu conseguiria manter a minha rotina militar com as terapias do Miguel. Eu sabia que ele precisaria de mim. Mas, com o tempo, as coisas vão se encaixando e vamos superando tudo.

Uma coisa que a maternidade atípica traz é a questão de valorizar cada pequeno passo, cada ganho. Coisas simples são muito comemoradas: um passo, o primeiro sentar, o rolar... Coisas importantes quando se trata de uma criança atípica. Eu me emociono ao lembrar do dia em que, pela primeira vez, ele se apoiou na parede e levantou sozinho.

Eu não sabia se eu ia conseguir ouvir meu filho me chamando de mamãe. E, hoje, ouvir isso é música para os meus ouvidos. Amo cada detalhe, cada conquista. Com ele, aprendi a acreditar. Acreditar que tudo vai dar certo.

Miguel significa luz na minha vida. Só quando Miguel nasceu, eu soube o que era amor. É por ele que tiro força e tento ser uma pessoa melhor. Ele já me transformou muito como pessoa. Hoje tenho um olhar mais atento ao outro, me coloco mais no lugar do próximo. Ele veio para ser o meu horizonte.

Uma honra. Diante do diagnóstico do Miguel e das circunstâncias, tudo o que já passei com ele, sou muito grata por ele estar conosco hoje. É uma criança extremamente carinhosa, transborda amor, acolhe a todos com um olhar. Ele é o meu presente. Se eu tivesse a opção, escolheria ele novamente mil vezes, mesmo com todas as adversidades.

Foi no GAAPE que iniciamos as terapias (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia) e a estimulação precoce. Lá, tive acesso a profissionais excelentes, sei que ele tem uma equipe muito boa. Entendi, também, que o tratamento vai além das terapias. É necessário fazer os estímulos em casa também.

Eu me surpreendo com o desenvolvimento dele. Miguel tem evoluído muito: no entender, no falar. Ele ainda não anda sozinho, mas já anda com auxílio do andador. Só tenho a agradecer. Se eu tivesse que custear todo esse tratamento, não teria condições.

Tenho muito orgulho em ver o trabalho do GAAPE, da Marinha. Como Instituição, é muito importante ter esse olhar voltado para quem precisa de cuidado. Saber que a Marinha proporciona o tratamento adequado, saber que meu filho tem assistência me permite trabalhar em paz. Sei que posso dar o meu melhor para a MB e, em contrapartida, recebo dela um apoio, uma ajuda fundamental para a minha família.