Sua audição merece cuidado. 🔊👂

📅 Publicado em 05 de março de 2024



No dia 3 de março, comemoramos o Dia Mundial da Audição. A OMS, em 2022, estimou que mais de 1,5 bilhão de pessoas tenham alguma perda auditiva. Bastante, né? Por isso, vamos falar um pouco sobre esse assunto com o CT (Md) Chalfun, otorrinolaringologista do HNMD. É hora de conferir.

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Quais são as principais causas de perda auditiva no nascimento? Por que algumas crianças já nascem surdas?

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Como podemos saber se os bebês têm alguma perda auditiva ao nascer?

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E as crianças que nascem com uma audição dentro da normalidade e acabam desenvolvendo uma perda auditiva? Quais podem ser as causas?

Os bebês que tiveram intercorrências no parto como asfixia ou icterícia acentuada podem desenvolver perda auditiva. Os prematuros que precisaram ir para o CTI e usaram alguns tipos de antibióticos por tempo prolongado também podem ter alterações auditivas. Outras causas são os traumas na cabeça e infecções adquiridas, como uma meningite, que é umas das principais causas de surdez adquirida. Na infância, outra causa importante de diminuição temporária da audição são as otites, que se forem recorrentes, podem até afetar o desenvolvimento da linguagem.

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Hoje em dia, uma grande preocupação dos pais com crianças mais velhas e principalmente adolescentes é sobre o uso de fones de ouvido. Na verdade, a população em geral tem usado muito os fones, tanto para recreação (ouvindo música e vendo vídeos no celular) como até trabalhando ou estudando de modo remoto. Isso também pode afetar a audição?

A exposição ao ruído é muito perigosa para a audição, ela vai danificando algumas células na parte interna da orelha, mas especificamente na cóclea, de forma irreversível. Isso ocorre de forma mais intensa nas pessoas que escutam um volume alto, mas também pode ocorrer em quem tem exposição por longas horas frequentemente.

A perda ao ruído pode ocorrer em adultos também de forma ocupacional. Até o momento, ainda não temos um tratamento que pode reverter longas exposições ao ruído, pois não conseguimos recuperar as células perdidas na cóclea.

A melhor maneira de evitar este tipo de perda relacionada ao ruído é a prevenção. Evitando exposição a ruídos intensos, diminuindo o volume dos fones ou de forma ocupacional com uso de protetores auriculares. Este é um assunto que atinge a população em diferentes faixas etárias e devemos nos preocupar muito na sua prevenção.

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Já que estamos falando de exposição a ruídos, no mês passado, tivemos o carnaval e neste período, em muitos locais do país, é comum termos blocos de carnaval, trios elétricos ou até desfiles de escolas de samba. Nesses locais, é comum termos ruído intenso. É comum ouvirmos histórias de pessoas que estavam ao lado de uma bateria de escola de samba ou ao lado de uma caixa de som de um trio elétrico e logo depois ficarem sem ouvir, ter a sensação de ouvido tapado e até permanecer com alguns barulhos na cabeça. Isso pode ocorrer?

Ótima pergunta, quando nós temos uma exposição a um som tão intenso como em um desses locais que você me falou ou também no fim de ano, quando estamos próximos a fogos de artificio, ocorre um estresse oxidativo naquelas células da cóclea que eu falei anteriormente. Este tipo de perda auditiva geralmente é transitória, pois o nosso organismo, na maioria da vezes, é capaz de se adaptar a esse estresse. Porém quando a exposição é muito acentuada ou persistente, pode ocorrer o que dissemos anteriormente: uma perda irreversível por exposição ao ruído, uma vez que o nosso organismo não consegue eliminar os radicais livres gerados no estresse oxidativo e a perda pode ser definitiva. Muitas pessoas já sentiram isso que você citou e quando saem destes locais e vão para casa dormir percebem um zumbido (seria este som que você referiu como um barulho na cabeça).

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Agora, então, falando um pouco dos adultos. É muito comum pessoas com dúvidas sobre aquele tipo de perda auditiva que ocorre no decorrer da vida. Geralmente esta perda é gradual, conforme vamos envelhecendo ou ela pode ser abrupta?

Muito bom você falar sobre este assunto, pois muitos adultos desconhecem uma doença chamada de surdez súbita, que é exatamente isso que você citou. A pessoa está bem e de repente pode ficar surda (isto pode ocorrer apenas de um lado ou até em ambos). As causas para a surdez súbita são muito diferentes das de uma perda gradual e, em muitas situações, esta surdez súbita pode ser totalmente reversível. A avaliação de um especialista para uma melhor condução é muito importante.

Agora quando falamos da perda que ocorre com o passar dos anos, esta é de forma gradual. Hoje a expectativa de vida tem aumentado e é muito comum vermos pessoas de 90 e até 100 anos. Muitas pessoas não se importam muito, devido ao fato desta perda ser gradual, mas além de influenciar muito as atividades diárias esta diminuição da cognição vai afetando conexões cerebrais não apenas auditivas, mas no nosso cérebro de forma geral.

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E por que esta perda acontece com o passar da idade?

Por questão genéticas, por perda celular, por causas vasculares e por um somatório de diversos fatores. Quase 2/3 das pessoas acima dos 80 anos vão ter perda auditiva. Hoje com a população idosa aumentando muito, isso evidencia a importância deste tema.

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Você falou em perda auditiva nas diversas faixas etárias, mas como é que se diagnostica a perda auditiva?

O exame mais indicado é a audiometria (exceto para os bebês). Esse exame geralmente é realizado pelos fonoaudiólogos e mostra um gráfico com as diferentes frequências da audição (desde os sons mais graves até os mais agudos) e a intensidade que ouvimos em cada uma destas frequências.

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E quando você diagnostica a perda auditiva pela audiometria. Como é feito o tratamento?

Isso vai depender de muitos fatores, do tipo de perda auditiva, que pode ser condutiva, sensorioneural ou mista. Depende também de outros fatores como a intensidade da perda auditiva.

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Para finalizar, quais os conselhos que o sr daria para uma pessoa manter sua audição preservada pelo maior tempo possível?

O melhor conselho que eu posso dar é prevenção. Evite a exposição desnecessária a ruídos, principalmente os de maior intensidade. Pois nós não temos como reverter a perda auditiva pelo ruído até a presente data.

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