A Obtenção de tecnologia, principal objetivo do Acordo de Transferência de Tecnologia firmado entre a França e o Brasil permitirá que o País alcance o nível tecnológico necessário para dominar a construção de submarinos convencionais, com a consequente evolução natural para o desenvolvimento de um submarino com propulsão nuclear.
O processo de Transferência de Tecnologia envolve a transmissão de conhecimentos e informações técnicas em diversas áreas, exceto na área nuclear. A capacitação e qualificação de engenheiros e técnicos brasileiros acontece no Brasil e na França, por meio da realização de serviços reais (“OntheJob Training”) e a consultoria técnica do NAVAL GROUP até o término do Programa.
A transferência de tecnologia para construção dos submarinos convencionais-S-BR está ocorrendo desde 2010, na cidade de Cherbourg, na França, onde já foram qualificados mais de 250 engenheiros e técnicos da Marinha, NUCLEP e Itaguaí Construções Navais (ICN), de diversos níveis e especialidades. O processo de transferência de tecnologia continua em andamento no Brasil, com as atividades de consultoria técnica durante a realização do projeto de detalhamento da parte modificada do submarino convencional.
Os S-BR não serão cópias exatas do Scorpène, isso porque o modelo francês não atende plenamente aos requisitos da Marinha do Brasil. Com 8,5 mil quilômetros de costa, o País requer um submarino capaz de alcançar os extremos, fazer patrulhas de norte a sul, e voltar para a sua base, sem precisar de apoio. Para percorrer distâncias maiores, ficando mais tempo no mar, o submarino precisa ter capacidade de carregar combustível e mantimentos em maior quantidade. E é recomendável que ofereça também mais conforto à tripulação.
Alterar o projeto não foi tão difícil. O modelo francês tem 60 metros de comprimento e 1.700 toneladas. Os brasileiros serão mais longos, com 71 metros, e pesarão 1.850 toneladas. Eles terão uma seção a mais, desenhada por técnicos brasileiros para dar maior autonomia e ampliar o raio de ação da embarcação.
No caso dos submarinos convencionais, a autoridade do projeto é o NAVAL GROUP. Assim, a empresa é responsável pelo desempenho dos equipamentos, mesmo com as alterações feitas para atender às exigências brasileiras. Havendo interesse do Brasil na construção de outras unidades, será necessária a autorização, e o pagamento de royalties aos franceses. Já a propriedade intelectual do SN-BR é brasileira e a autoridade do projeto é a Marinha do Brasil, cabendo ao NAVAL GROUP prestar uma consultoria técnica para o desenvolvimento do submarino.