A Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear foi criada em 2008 para atender às necessidades decorrentes dos contratos comerciais e para capacitar a Marinha do Brasil (MB) em projeto e construção de submarinos convencionais (S-BR) e com propulsão nuclear (SN-BR). Verificamos, a cada dia, que o desafio e o sonho de outrora vem se transformado em realidade. A inserção do Programa de Desenvolvimento de Submarino (PROSUB) no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) mostra que o desenvolvimento do primeiro submarino com propulsão nuclear tornou-se um projeto de Estado.
Os sucessivos saltos tecnológicos vivenciados, decorrentes de um grande processo de transferência de tecnologia, do fortalecimento da indústria nacional de defesa e da melhoria da qualificação técnica de profissionais brasileiros, garantirão que o Brasil tenha a capacidade de projetar e construir seus próprios submarinos de forma independente.
Em junho de 2013, chegaram em Itaguaí (RJ), local onde está sendo construído o Estaleiro e Base Naval (EBN), as seções de vante (S3 e S4) do submarino convencional “Riachuelo”, primeiro de uma série de quatro S-BR e que terá o mesmo processo de fabricação do casco resistente do SN-BR. A construção dessas seções foi iniciada em maio de 2010, em Cherbourg, França, com a participação de operários brasileiros, como parte da “Transferência de Tecnologia de Construção”, firmada em contrato específico e conduzida por meio de On Job Training (OJT), que visa capacitar a Marinha e as empresas envolvidas - Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP) e Itaguaí Construções Navais (ICN) - no processo construtivo de submarinos adotado pela empresa francesa NAVAL GROUP, trazendo ao Brasil a ampliação de conhecimentos em áreas que somente cinco países dominam.
O EBN é um dos maiores empreendimentos realizados no País. Após a inauguração, em dezembro de 2014, do Prédio Principal do Estaleiro de Construção, está em andamento a prontificação das demais instalações do Estaleiro de Construção, do Estaleiro de Manutenção e da Base Naval, além do início da construção do Complexo de Manutenção Especializada.
O lançamento do primeiro S-BR, o Submarino Riachuelo, foi realizado em 14 de dezembro de 2018, sendo que sua entrega está prevista para ocorrer em julho de 2020. O Submarino Humaitá está previsto para ser entregue aproximadamente 18 meses após esta data (dezembro de 2021). Já os Submarinos Tonelero e Angostura estão previstos para serem entregues a cada 12 meses (dezembro de 2022 e dezembro de 2023, respectivamente). As atividades de fabricação e instalação das estruturas leves, assim como, as atividades de equipagem serão executadas na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) e as fases de união das seções e testes finais são realizadas no Estaleiro Principal, todos localizados em Itaguaí.
Em Lorient, na França, por um período de quase dois anos, de agosto de 2010 a maio de 2012, um grupo formado por trinta e um engenheiros, militares e civis da Marinha, recebeu o treinamento teórico e prático, em projeto de submarinos convencionais e de propulsão nuclear. Atualmente, o conhecimento adquirido se multiplicou para cerca de duzentos e cinquenta engenheiros e técnicos envolvidos com a elaboração do projeto do SN-BR, no Brasil, com o apoio técnico do NAVAL GROUP.
Está prevista a incorporação de engenheiros e técnicos ao Corpo Técnico de Projeto. Tais engenheiros deverão ser captados no mercado nacional e contratados, por intermédio de concurso de domínio público, pela empresa AMAZUL. O reforço de Oficiais Engenheiros Navais é outra medida que vem sendo adotada para suprir esta necessidade.
O SN-BR tem previsão, até o momento, de estar prontificado em 2030, quando passará por um período de dois anos de testes de aceitação no porto e no mar, após o que, será transferido para o Setor Operativo da Marinha do Brasil.
Resultado deste Programa, o Brasil integrará o seleto grupo de cinco países com capacidade de projetar e construir submarinos de propulsão nuclear, concretizando o domínio dessa valiosa tecnologia.
Assim, plenamente consciente do que já foi executado e pelo muito ainda que há para fazer, exorto a todos a não esmorecer diante do desafio e da complexidade inerentes a um projeto dessa envergadura, de modo que o êxito alcançado com o espírito arrojado e científico do Almirante Álvaro Alberto, resulte em frutos positivos para o nosso País.
Por fim, cumprimento a todos que fazem parte desse grandioso empreendimento que ora se desenvolve dentro e fora do Brasil, concitando-os a manter a dedicação, o comprometimento profissional e, acima de tudo, entusiasmo no trabalho desenvolvido que elevará o nome do nosso País ao mais alto patamar das nações desenvolvidas.
Submarino com propulsão Nuclear, nós vamos construí-lo!