📅 Publicado em 11 de Maio de 2024

A fibromialgia é uma doença crônica com maior incidência nas mulheres com idades entre 30 e 55 anos, mas homens, idosos, adolescentes e até mesmo crianças também estão sujeitos. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, no Brasil, ela está presente em cerca de 2% a 3% da população. Um dos desafios para essas pessoas é que, em média, o tempo entre o surgimento dos sintomas ao diagnóstico e o início do tratamento é de 3 anos.
Para ajudar, a gente fez umas perguntas à CT (Md) Juliana Barbosa Julião, ortopedista da Policlínica Naval de Niterói. Confira.
É uma alteração reumatológica que causa dor crônica, intensa e generalizada.
As causas da fibromialgia ainda não são especificamente conhecidas, contudo, alguns fatores já foram identificados como possíveis geradores. Muitas vezes, pode estar relacionado a graves acontecimentos na vida da pessoa, como traumas físicos, psicológicos ou infecções graves.
Estudos recentes apontam que pessoas que sofrem com a doença costumam apresentar maior sensibilidade à dor. É como se o cérebro desregulado, ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Dessa forma, nervos, medula e cérebro causam estímulos dolorosos com intensidade aumentada. É comum que no início as dores sejam crônicas e mais localizadas, evoluindo para o corpo todo.
O principal sintoma é a dor difusa, que pode envolver músculos, ligamentos e tendões. Em muitos casos, a pessoa apresenta a sensação das articulações inchadas. As dores são constantes e podem piorar ao toque. É como uma forte gripe que não passa.
Além da dor difusa, o cansaço é outro sintoma. A fadiga é mais forte no período da manhã, logo que a pessoa acorda. No entanto, também pode ser bastante incômoda no final da tarde.
Outra característica é o cansaço matinal, que acontece ainda que o indivíduo tenha dormido mais de 10 horas durante a noite.
Algumas pesquisas afirmam que esses pacientes não conseguem manter-se no estágio 4 do sono, ou seja, o do sono profundo ou sono restaurador.
A pessoa com fibromialgia passa o dia todo sentindo falta de energia, com a sensação de corpo pesado e dificuldade de concentração. Por isso, é comum que a síndrome seja associada à fadiga crônica.
Outro sintoma comum é a dor de cabeça do tipo enxaqueca, atingindo mais da metade dos pacientes. Pode surgir ainda uma variedade de sintomas, como:
- dor abdominal
- dor no peito
- diarreia
- dor pélvica
- ardência ao urinar e necessidade de ir ao banheiro com frequência
- problemas de memória
- olhos secos
- palpitações
- tonturas
- formigamentos
- flutuações constantes de peso
- perda da libido
- cólicas menstruais mais intensas
- alterações de humor
- dor musculoesquelética difusa por todo o corpo
- baixa capacidade de concentração
- depressão
- ansiedade
Em média, 70% dos pacientes com fibromialgia vão desenvolver depressão ou ansiedade ao longo da vida.
A doença atinge em sua maioria as mulheres (a cada 10 pacientes, 8 são mulheres). Existe ainda uma predisposição genética: primeiro grau de parentesco com quem tem fibromialgia apresenta 8 vezes mais chance de desenvolver a síndrome.
Pessoas com doenças reumáticas sistêmicas, lombalgia crônica, síndrome da dor regional complexa, quadros de ansiedade e depressão também estão mais suscetíveis.
Ainda que não tenha cura, o tratamento multidisciplinar da fibromialgia, no longo prazo, apresenta grande melhora dos seus sintomas, permitindo ao paciente uma vida ativa e com qualidade.
Através de avaliação clínica, o diagnóstico é definido pelo médico com a ajuda de exame físico e exames complementares, que possam descartar outras doenças com características semelhantes.
É preciso entender que não existe cura ou tratamento rápido.
O trabalho deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, com reumatologista, fisioterapeuta e psicólogo ou psiquiatra.
Atualmente, uma grande variedade de medicamentos é usada para controle dos sintomas. Entre os mais eficazes, que apresentam grande contribuição para o paciente, estão os de ação no sistema nervoso central, como os antidepressivos e drogas anticonvulsivantes.
Por outro lado, os remédios que agem exclusivamente na dor, como anti-inflamatórios e analgésicos, são menos eficazes às crises. Contudo, os analgésicos podem ser usados em conjunto aos antidepressivos, para potencializar seus efeitos contra a dor.
Exercícios físicos regulares e terapias são fundamentais para bons resultados no tratamento.
Doenças inflamatórias, autoimunes e degenerativas, como: hipotireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, osteoartrite, artrite reumatoide e polimialgia reumática, artrite psoriática, entre outras que podem causar dor poliarticular e/ou fadiga crônica.
Realizar acompanhamento multidisciplinar com reumatologista, psiquiatra, psicoterapeuta regular.
Utilizar medicamentos apenas prescritos pelo médico.
Ainda que o indivíduo se sinta constantemente cansado, manter-se apático ao longo do dia tende a piorar os sintomas. O sedentarismo é um grande agravante de sintomas. Por esse motivo, os exercícios físicos e aeróbicos são indicados para melhorar a qualidade de vida, diminuindo a intensidade das dores e a sensação de cansaço. Também é importante evitar álcool, cigarros e cafeína.
CT (Md) Juliana Barbosa Julião
Ortopedista
Policlínica Naval de Niterói