Pular para o conteúdo principal

Amenize a dor. Evite a fadiga

  • Publicado em 08/05/2024 - 19:11
  • Atualizado em 29/05/2024 - 13:32
Compartilhe:

📅 Publicado em 11 de Maio de 2024

A fibromialgia é uma doença crônica com maior incidência nas mulheres com idades entre 30 e 55 anos, mas homens, idosos, adolescentes e até mesmo crianças também estão sujeitos. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, no Brasil, ela está presente em cerca de 2% a 3% da população. Um dos desafios para essas pessoas é que, em média, o tempo entre o surgimento dos sintomas ao diagnóstico e o início do tratamento é de 3 anos.

Para ajudar, a gente fez umas perguntas à CT (Md) Juliana Barbosa Julião, ortopedista da Policlínica Naval de Niterói. Confira.

O que é Fibromialgia?

É uma alteração reumatológica que causa dor crônica, intensa e generalizada.

Quais as principais causas?

As causas da fibromialgia ainda não são especificamente conhecidas, contudo, alguns fatores já foram identificados como possíveis geradores. Muitas vezes, pode estar relacionado a graves acontecimentos na vida da pessoa, como traumas físicos, psicológicos ou infecções graves.

Estudos recentes apontam que pessoas que sofrem com a doença costumam apresentar maior sensibilidade à dor. É como se o cérebro desregulado, ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Dessa forma, nervos, medula e cérebro causam estímulos dolorosos com intensidade aumentada. É comum que no início as dores sejam crônicas e mais localizadas, evoluindo para o corpo todo.

Quais são os sintomas?

O principal sintoma é a dor difusa, que pode envolver músculos, ligamentos e tendões. Em muitos casos, a pessoa apresenta a sensação das articulações inchadas. As dores são constantes e podem piorar ao toque. É como uma forte gripe que não passa.

Além da dor difusa, o cansaço é outro sintoma. A fadiga é mais forte no período da manhã, logo que a pessoa acorda. No entanto, também pode ser bastante incômoda no final da tarde.

Outra característica é o cansaço matinal, que acontece ainda que o indivíduo tenha dormido mais de 10 horas durante a noite.

Algumas pesquisas afirmam que esses pacientes não conseguem manter-se no estágio 4 do sono, ou seja, o do sono profundo ou sono restaurador.

A pessoa com fibromialgia passa o dia todo sentindo falta de energia, com a sensação de corpo pesado e dificuldade de concentração. Por isso, é comum que a síndrome seja associada à fadiga crônica.

Outro sintoma comum é a dor de cabeça do tipo enxaqueca, atingindo mais da metade dos pacientes. Pode surgir ainda uma variedade de sintomas, como:

  • dor abdominal
  • dor no peito
  • diarreia
  • dor pélvica
  • ardência ao urinar e necessidade de ir ao banheiro com frequência
  • problemas de memória
  • olhos secos
  • palpitações
  • tonturas
  • formigamentos
  • flutuações constantes de peso
  • perda da libido
  • cólicas menstruais mais intensas
  • alterações de humor
  • dor musculoesquelética difusa por todo o corpo
  • baixa capacidade de concentração
  • depressão
  • ansiedade

Em média, 70% dos pacientes com fibromialgia vão desenvolver depressão ou ansiedade ao longo da vida.

Quem está em risco?

A doença atinge em sua maioria as mulheres (a cada 10 pacientes, 8 são mulheres). Existe ainda uma predisposição genética: primeiro grau de parentesco com quem tem fibromialgia apresenta 8 vezes mais chance de desenvolver a síndrome.

Pessoas com doenças reumáticas sistêmicas, lombalgia crônica, síndrome da dor regional complexa, quadros de ansiedade e depressão também estão mais suscetíveis.

Tem cura?

Ainda que não tenha cura, o tratamento multidisciplinar da fibromialgia, no longo prazo, apresenta grande melhora dos seus sintomas, permitindo ao paciente uma vida ativa e com qualidade.

Como é feito o diagnóstico?

Através de avaliação clínica, o diagnóstico é definido pelo médico com a ajuda de exame físico e exames complementares, que possam descartar outras doenças com características semelhantes.

Quais são os tratamentos?

É preciso entender que não existe cura ou tratamento rápido.

O trabalho deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, com reumatologista, fisioterapeuta e psicólogo ou psiquiatra.

Atualmente, uma grande variedade de medicamentos é usada para controle dos sintomas. Entre os mais eficazes, que apresentam grande contribuição para o paciente, estão os de ação no sistema nervoso central, como os antidepressivos e drogas anticonvulsivantes.

Por outro lado, os remédios que agem exclusivamente na dor, como anti-inflamatórios e analgésicos, são menos eficazes às crises. Contudo, os analgésicos podem ser usados em conjunto aos antidepressivos, para potencializar seus efeitos contra a dor.

Exercícios físicos regulares e terapias são fundamentais para bons resultados no tratamento.

Que outras doenças têm sintomas semelhantes?

Doenças inflamatórias, autoimunes e degenerativas, como: hipotireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, osteoartrite, artrite reumatoide e polimialgia reumática, artrite psoriática, entre outras que podem causar dor poliarticular e/ou fadiga crônica.

Recomendações:

Realizar acompanhamento multidisciplinar com reumatologista, psiquiatra, psicoterapeuta regular.

Utilizar medicamentos apenas prescritos pelo médico.

Ainda que o indivíduo se sinta constantemente cansado, manter-se apático ao longo do dia tende a piorar os sintomas. O sedentarismo é um grande agravante de sintomas. Por esse motivo, os exercícios físicos e aeróbicos são indicados para melhorar a qualidade de vida, diminuindo a intensidade das dores e a sensação de cansaço. Também é importante evitar álcool, cigarros e cafeína.

Contribuição técnica:
CT (Md) Juliana Barbosa Julião
Ortopedista
Policlínica Naval de Niterói

Compartilhe