📅 Publicado em 02 de março de 2023
Se eu perguntasse quais são os sintomas da leptospirose você saberia dizer? Apesar de muita gente já ter ouvido falar na doença, os sinais que ela apresenta podem não ser tão conhecidos assim.
Por isso, o Saúde Naval conversa com a CT (Md) Daniella Barbosa, da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Hospital Naval Marcílio Dias. Confira a entrevista!
É uma doença infecciosa, que provoca febre repentina e pode ser confundida com a dengue, a chikungunya e outras doenças.
No Brasil, se torna epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, por conta das condições inadequadas de saneamento urbano e da alta infestação de roedores infectados.
No período de 2009 a 2019, em nosso país, foram confirmados 41.602 casos, ocorrendo 3.583 óbitos.
Os principais transmissores da doença são os roedores das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo ou catita).
Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados, mas abrigam a leptospirose nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos.
A penetração do micro-organismo ocorre:
- na pele com lesões;
- na pele sem lesões, mas imersa por longos períodos em água contaminada;
- ou através de mucosas.
A transmissão pessoa a pessoa é rara.
Os principais sintomas da fase inicial são: febre; dor de cabeça; dor muscular, principalmente nas panturrilhas; náuseas e vômitos.
Algumas profissões facilitam o contato com a doença como trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos entre outros. Mas, a maior parte dos casos ainda acontece em pessoas que moram ou trabalham em locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostas à urina de roedores.
Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata para evitar complicações.
A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e falar do possível contato.
Sim, é o caso da hepatite A, que tem a transmissão relacionada às condições de saneamento básico e higiene pessoal. A diarréia, que se não for tratada, pode evoluir para uma desidratação grave.
E a febre tifóide, mais comum no norte e nordeste, que pode ter a incidência aumentada nesse período, sendo transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria.
A penetração do micro-organismo ocorre:
- usar calçados sempre fechados em dias de chuva;
- manter cuidados com feridas;
- evitar o contato com água ou lama de enchentes;
- impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas;
- fazer o controle de roedores com armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc.
- ter cuidado com a higiene geral e das mãos.
Obs: A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as bactérias da doença e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.