É só uma 💊 vitamina... Se não fizer bem, mal também não faz... Será que isso é verdade?
Que as vitaminas fazem bem para a saúde, isso não há dúvida, mas saiba que elas precisam ser consumidas na dose certa.
Doses elevadas podem provocar cólicas, diarreias, dor de cabeça e até problemas mais graves como complicações no fígado e nos rins.
Conversamos com a CT (S) Jamile, nutricionista da Marinha, para saber se realmente é necessário fazer suplementação com vitaminas no dia a dia.
Confira a entrevista completa abaixo. Boa leitura! 📖
A suplementação de vitaminas é realmente necessária ou é só “moda”?
Quando alguém chega ao consultório e faz esta pergunta: “Preciso suplementar vitaminas?” a minha resposta imediata é “Depende!”. É preciso conhecer o consumo alimentar da pessoa, seus exames laboratoriais e suas queixas para descartar a necessidade ou montar uma conduta de suplementação, que será pautada em dados concretos e não em achismo. Ou seja, temos que saber em que ponto estamos, onde queremos chegar e quais meios utilizaremos para isso. Infelizmente, o que temos visto são pessoas comprando o suplemento que foi prescrito para um amigo ou fazendo suplementação de forma genérica, em pesquisas na internet, apenas por acreditarem que se vitamina é saudável basta ingerir bastante que o resultado virá. A mesma orientação serve para a suplementação de minerais, como cálcio, ferro, cromo, que também tem sido feita sem critérios. De uma maneira geral, podemos dizer que uma pessoa com uma alimentação saudável, com consumo regular de boas fontes de vitaminas, pode conseguir ingerir sua cota diária exclusivamente por meio da alimentação. Quanto mais disposto você tiver a se alimentar de maneira correta, menos você precisará da ajuda de suplementos.
Tanto a falta quanto o excesso de vitaminas podem ser nocivos ao organismo?
Sim. Ao todo existem 13 vitaminas (4 lipossolúveis: A, D, E, K e 9 hidrossolúveis: C e 8 do complexo B), cada uma tem papel vital ao bom funcionamento do organismo, participando de várias reações químicas. Assim, a falta de uma delas prejudica essas reações e surgem sintomas de deficiência, mas o excesso também pode levar a sintomas indesejados, principalmente o excesso das lipossolúveis, que são as que ficam armazenadas mais tempo no organismo.
Se não fazem bem, também não fazem mal. Essa regra se aplica à suplementação de vitaminas?
Nem sempre! Dependendo do excesso da vitamina, ela poderá sim causar malefícios. Por este motivo, existem valores estabelecidos para a Ingestão Diária Recomendada (IDR), de acordo com o sexo, idade e condições especiais (gestação, por exemplo), preconizando não apenas a quantidade ideal para consumo diário, mas também a quantidade máxima que cada uma das vitaminas deve ser consumida diariamente. Os sintomas da hipervitaminose (intoxicação por excesso de vitaminas) variam de acordo com a vitamina, podendo ir de quadros simples de cólica, diarreia, dor de cabeça, pigmentação anormal da pele, a problemas mais graves, como complicações hepáticas e renais.
Quando devemos fazer a suplementação?
Quando o consumo por meio da alimentação for insuficiente para atingir a recomendação diária de ingestão, o que tem sido cada vez mais comum, já que o estilo de vida bastante corrido leva as pessoas a optarem por produtos industrializados, com baixo valor nutricional, e refeições em fastfoods, o que impacta direta e negativamente no consumo de nutrientes, como as vitaminas.
Quando, por opção, há restrição definitiva de determinados grupos alimentares. Por exemplo, indivíduos que não consomem alimentos de origem animal apresentam baixo consumo de vitamina B12 (pois as maiores fontes são animais) e costumam apresentar deficiência dela. Eles não precisam voltar a consumir alimentos animais para corrigir seus níveis desta vitamina se fizerem uso correto de suplementos de B12 ou de alimentos suplementados com ela.
Quando há carência de vitaminas comprovada em exames. É indicado não apenas suplementar para que as taxas voltem à normalidade, mas também investigar o motivo para a deficiência.
Quando há condições especiais de saúde (gestação ou algumas doenças) que aumentem a demanda do corpo por determinadas vitaminas e minerais.
Alguma dica de alimentação para ficar em dia com as vitaminas e minerais e com a saúde?
Consumir diariamente grupos alimentares ricos em vitaminas e minerais: frutas, legumes e verduras, carnes, peixes, ovos, oleaginosas e grãos integrais. Um alimento pode ser rico em um tipo de vitamina, mas pobre em outro. Por exemplo, as frutas são ótimas fontes de vitamina C, mas não de vitamina D. Já os peixes e óleos de peixe são ricos em vitamina D, mas não em vitamina C. Por isso, a variedade dos grupos ao longo do dia é tão importante.
Também é interessante conhecer a interferência que um nutriente pode ter sobre o outro, o que potencializa ou atrapalha a absorção dele pelo organismo. O ferro, por exemplo, tem sua absorção aumentada na presença de vitamina C e reduzida na presença do cálcio. Assim, se o seu objetivo é ter uma boa ingestão de ferro, numa refeição com feijão (rico em ferro) consumir laranja ou abacaxi (fontes de vitamina C) na sobremesa será excelente, já uma sobremesa com leite (fonte de cálcio) não é recomendada.
Por fim, uma dica que nunca falha: desembale menos e descasque mais! Quanto mais natural e fresca for sua alimentação, maiores são as chances de que ela vá fazer bem. Produtos ultra processados e refinados perdem muito do seu valor nutricional e pouco têm a contribuir para sua saúde.