Você sabe qual é a diferença entre gripe e resfriado? As consequências e como tratar? O Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1-Md) André Germano De Lorenzi é infectologista e esclarece dúvidas sobre o assunto.

Gripe e resfriado são a mesma doença?
Não. Embora essas doenças sejam muito semelhantes, a gripe é causada pelo vírus da influenza e o resfriado pode ser causado por diversos outros vírus, tais como o rinovírus e o adenovírus.

Como diferenciar as duas?

Além dos sintomas respiratórios como tosse, espirro e coriza, que são comuns às duas doenças, a gripe costuma apresentar sintomas mais importantes, cursando com febre acima de 38°C, podendo chegar a 39-40°C, fraqueza generalizada e dor no corpo.

Um resfriado pode se transformar em gripe?
Isso não ocorre. Trata-se de doenças causadas por vírus diferentes. No entanto, os sintomas iniciais da gripe podem ser facilmente confundidos com os do resfriado comum. Após alguns dias, a doença pode se agravar, surgindo febre alta e tosse produtiva, deixando a impressão de um “resfriado que se transformou em gripe”.

A gripe pode evoluir para algo mais sério?
Sim, isso pode ocorrer principalmente entre pessoas sujeitas a apresentar doença mais grave, como os idosos, as gestantes e quem tem deficiência da imunidade. As complicações mais comuns e mais sérias são as pneumonias bacterianas, que por vezes necessitam de internação hospitalar e, em casos mais avançados, podem levar à morte.

Qual é o período de maior ocorrência da gripe e do resfriado?
Tanto a gripe quanto o resfriado podem ocorrer em qualquer época do ano. Entretanto, são muito mais frequentes no final do outono e no inverno, em especial nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde as estações do ano são bem definidas.

Existe tratamento para a gripe?
Sim. Existe tanto o tratamento para aliviar os sintomas, a base de analgésicos e antitérmicos, quanto o tratamento específico com antivirais, que são indicados para casos mais graves ou para pessoas com especial risco de desenvolver agravamento do quadro. É importante que as pessoas que apresentem febre alta e tosse, procurem atendimento médico para verificar se há necessidade de algum medicamento, incluindo, eventualmente, antibióticos se houver suspeita de infecção bacteriana associada à gripe.

Como funciona a vacina contra a gripe?
As vacinas em geral funcionam ativando o sistema imunológico das pessoas contra aquele germe específico. A vacina da gripe é composta por três ou quatro tipos de vírus da influenza que são os mais prováveis de circular na população humana naquele ano. É importante lembrar que a vacina contém apenas vírus inativados, isto é, incapazes de causar qualquer sintoma semelhante à gripe.

Quem deve ser vacinado e por quê?
Crianças de 6 meses a 5 anos de idade, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e pessoas com determinadas doenças que conferem um risco maior de apresentar complicações graves (asma, enfisema pulmonar, insuficiência cardíaca, imunodeficiências). Os profissionais de saúde também devem ser vacinados, tanto pelo fato de estarem mais expostos às doenças respiratórias quanto pelo fato de, uma vez vacinados, estarem protegendo indiretamente seus pacientes. Pessoas vivendo em confinamento também devem ser vacinados devido ao maior risco de contágio por doenças respiratórias.

Por que todo ano acontece uma nova campanha de vacinação contra a gripe?
Após a vacina, os anticorpos que produzimos contra o vírus da influenza atingem sua concentração máxima em um período de 4 a 6 semanas que, gradualmente, vai decaindo com o passar do tempo. Dessa forma, decorrido um ano, a concentração torna-se insuficiente para neutralizar o vírus. Além disso, a composição da vacina varia de um ano para outro de modo a prevenir os tipos de vírus mais prováveis de circular em determinada época.

A vacina da gripe imuniza também contra o resfriado?
Não, a vacina imuniza contra dois tipos de influenza A e um tipo de influenza B no caso da vacina trivalente, e contra dois tipos de influenza A e dois tipos de influenza B no caso da vacina quadrivalente.

Depois de se vacinar a pessoa fica gripada?
Não há qualquer possibilidade da pessoa fica gripada por causa da vacina, pois os vírus vacinais são inativados. Pode ocorrer, no entanto, da pessoa ficar gripada por ação de outros vírus que não estão na composição da vacina ou ficar resfriada com sintomas que, como já mencionado, podem ser muito semelhantes aos da gripe.

Quais os principais efeitos colaterais da vacina e quais as contraindicações?
A vacina contra a gripe em geral é muito bem tolerada, causando nenhum ou poucos efeitos colaterais. Esses efeitos, quando ocorrem, são basicamente dor e endurecimento no local da aplicação e, eventualmente, febre baixa. Pessoas com alergia a proteínas do ovo não devem ser vacinadas, pois na fabricação da vacina há componentes do ovo. Pessoas que já apresentaram no passado reações importantes à vacina contra gripe também não devem ser vacinadas novamente.

Quais os outros cuidados para evitar a gripe?
Além da vacina, há diversas medidas que devem ser tomadas para diminuir a possibilidade de se adquirir uma doença respiratória, incluindo a gripe. As principais são as seguintes:

• Lavar as mãos frequentemente, principalmente antes das refeições;
• Utilizar uma proteção na boca e no nariz, preferencialmente um lenço descartável, sempre que for tossir ou espirrar (em seguida lavar as mãos ou higienizá-las com álcool gel);
• Frequentar ambientes bem arejados e evitar locais confinados e aglomerações humanas nas ocasiões de surto;
• Evitar proximidade com pessoas com gripe;
• Pessoas com sintomas de gripe devem evitar contato com outras que possuam maior risco de desenvolver doença grave (idosos, gestantes, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas); e
• Profissionais de saúde devem evitar contato direto com pacientes enquanto durarem os sintomas de gripe.

E lembre-se: caso a pessoa gripada apresente falta de ar, ela deve procurar atendimento médico o mais brevemente possível, pois pode significar agravamento do quadro ou infecção bacteriana associada.

OBS: Para mais informações sugerimos consultar:
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secreta...