Muito se discute sobre a depressão e como ela impacta mais e mais na vida das pessoas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou recentemente que a depressão é a maior causa de incapacitação e invalidez no mundo, acometendo em torno de 350 milhões de pessoas, mostrando um crescimento mais elevado do que se previa há uma década. Diante disso, este ano, a campanha da OMS para o Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, aborda o assunto com o tema “Depressão: vamos conversar”.
A depressão consiste no humor deprimido, triste e na dificuldade de sentir satisfação ou prazer, principalmente. A ansiedade, as alterações de sono e de apetite, a concentração reduzida, o pessimismo e as ideias de culpa podem estar presentes. Essas sensações precisam durar, no mínimo, duas semanas e gerar impacto na sua vida, provocando dificuldade em realizar atividades. Nem sempre isso é fácil de medir, então se você sente alguns desses sintomas há mais de duas semanas, relate sempre ao seu médico.
Mas o que causa a depressão? Não temos uma resposta definitiva, mas sabe-se que um dos fatores é a predisposição genética para a doença, que influencia na química cerebral. O modo como reagimos aos fatores ambientais pode servir como gatilho para as crises, tais como traumas de infância, estresse, efeito de drogas lícitas, como o álcool, e ilícitas no organismo.
Existe tratamento para a depressão e exige acompanhamento prolongado. Quadros leves podem responder apenas com psicoterapia, mas nos quadros mais graves costuma ser necessária a prescrição de antidepressivos. O tratamento é longo, em torno de um ano ou mais, e isso é relevante para uma menor chance de recaída. Espere que seu médico diga que está na hora de parar a medicação. É muito comum o paciente parar o remédio quando começa a se sentir melhor, prejudicando o tratamento.
Há alguma forma de prevenção? Tentar reduzir os fatores de risco, equilibrando nossa vida, trabalho, lazer, vida social e religiosa. Tudo deve estar em equilíbrio. O “não tenho tempo” não pode ser desculpa.
- Alterne atividades obrigatórias com pequenas atividades prazerosas;
- Saiba seu limite, não se sobrecarregue;
- Alimente-se de forma saudável;
- Pratique atividades físicas;
- Aprenda com o erro, trabalhando melhor o sentimento de culpa, e siga em frente;
- Tenha uma atividade que te dê satisfação, um hobbie e dedique parte do seu tempo;
- Busque tempo livre;
- Evite álcool e drogas;
- Durma bem (se você tem dificuldade para dormir, seu médico pode ajudar);
- Encontre uma forma de relaxamento, como a meditação ou Yoga;
- Faça pausas, aproveite o fim de semana e tire férias; e
- Priorize sua vida. Ninguém é mais importante para você que você mesmo.
Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é preguiça, loucura ou falta de força de vontade. Precisamos combater o preconceito para que mais pessoas possam ser ajudadas. Subestimar a depressão e não considerá-la uma doença leva a família a não concordar com o tratamento e até o próprio paciente a não buscar ajuda por não se reconhecer como doente. Quanto mais cedo a pessoa inicia o tratamento, melhor serão as possibilidades de um restabelecimento breve.
Capitão de Corveta (Md)
Ajudante da Clínica de Psiquiatria
Unidade Integrada de Saúde Mental