PATRONO | |
|
O nome de Centro de Instrução "Almirante Braz de Aguiar" é uma homenagem à memória de um dos mais dignos e ilustres Oficiais da Marinha do Brasil, e em reconhecimento ao seu amor e dedicação à Amazônia, à solução de cujos problemas dedicou o melhor e a maior parte de sua abnegada existência. Filho do Capitão-Tenente JOAQUIM JOSÉ DIAS DE AGUIAR e de D. AMÉLIA SIQUEIRA DIAS DE AGUIAR, nasceu Braz de Aguiar na cidade do Rio de Janeiro, a 03 de fevereiro de 1881. Sua carreira militar está contida na seguinte ficha: |
"Aspirante a Guarda-marinha, 07.04.1889; Guarda- marinha aluno, 13.01.1902; Guarda-marinha confirmado (segundo-Tenente) 09.01.1903; Primeiro-Tenente, 21.11.1907; Capitão-Tenente, 07.05.1913; Capítão-de-Corveta, 09.02.1923; Capitão-de-Fragata (reformado, a pedido, com graduação de Capitao-de-Mar-e-Guerra), 03.02.1928; Convocado, 26.08.1938; Capitão-de-Mar-e-Guerra (efetivo), 15.10.1945 e Contra-Almirante (promovido post-mortem) em 23.07.1951". Medalha de Serviço Militar; Comendador da Ordem "Orange Nassau" da Holanda (1939); Comendador da Orderm do Mérito Naval; Numerosos elogios oficiais. BRAZ DE AGUIAR realizou a viagem de instrução à bordo do navio-escola "Benjamim Constant", revelando agudeza de observação e aproveitamento dos ensinamentos colhidos. Serviu a seguir no couraçado "DEODORO" (1904) e no cruzador "REPÚBLICA", sendo elogiado pelo desempenho de penosos serviços (1905). Em julho de 1906, fez outra viagem ao Amazonas. Em 1907, passou do couraçado "FLORIANO" para o vapor de guerra "COMANDANTE FREITAS", a serviço da repartição da Carta Marítima, trabalhando no levantamento hidrográfico, sondagens e confecção de canais de navegação, do Rio à Ilha Grande, e, daí a Pernambuco, com excursões a Fernando de Noronha, a Atol das Rocas e a outros pontos afastados da costa. E, de Pernambuco a Manaus, Mais uma vez, BRAZ DE AGUIAR surgiu no Amazonas. Em lanchas e canoas percorreu, então, uma grande área dos meandros amazônicos, abnegada e incansavelmente. Regressando ao Rio, passou a servir no cruzador "TlRADENTES" a 29 de junho de 1909, percorrendo o litoral até o Chuí . BRAZ DE AGUIAR cruzou e recruzou as lagoas da região, com a diligência e a segurança com que executava todos os trabalhos a seu cargo. Em agosto de 1910 foi posto à disposição do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de ajudante da Comissão encarregada da demarcação de fronteira entre o Brasil e a Bolívia. No exercício de suas novas funções chefiou a turma de Comissão de Limites do Brasil com a Bolívia, encarregado de serviços geodésicos e hidrográficos na Região do Acre, demorando-se ali sete meses. Embarcou novamente em navios da esquadra e realizou o curso especial de artilharia, do qual tornou-se instrutor a bordo do encouraçado "MINAS GERAIS". Assumiu depois o comando do torpedeiro "GOIÁS". Novamente colocado à disposição do Ministério das Relações Exteriores, para fazer parte da Comissão Mista Demarcadora de Limites entre o Brasil e o Peru, considerada de caráter militar. A Caderneta de Assentamentos de Braz de Aguiar é uma das mais gloriosas e meritórias, registrando, sucessivamente, o desempenho cabal e perfeito das mais difíceis comissões, a serviço da Pátria e de sua soberania, à custa dos maiores sacrifícios e privações e do mais acendrado espírito de renúncia, desprendimento e tenacidade. Homem de caráter primoroso, devotado servidor da sociedade, da família, dos seus irmãos de armas, da lei e da honra da Pátria, a sua passagem pela Armada tem o brilho e o encanto de legenda, emoldurada pelas virtudes da simplicidade, da energia serena, da fidalguia, da abnegação, do patriotismo e da modéstia. A vida de Braz de Aguiar foi a seqüência ininterrupta de conquistas e de heroísmos, na árdua tarefa de levantamentos hidrográficos e de fronteiras, em regiões hostis e inóspitas, na solidão dos mares, dos rios, das florestas e das montanhas. O Ministro Orlando Leite Ribeiro, Chefe de Divisão de Fronteiras do Ministério das Relações Exteriores, denominou-o "CIDADÃO AMÉRICA" pelo sentido fundamental brasileiro de sua obra e pelos seus elevados propósitos de confraternização americana . Referindo-se a Braz de Aguiar, Jaime Cortesão vaticinou que ele "não é daqueles cujo nome se afoga no túmulo, com os despojes mortais". As discutidas regiões fronteiriças da Bolívia, da Venezuela, das Guianas, da Colômbia e do Pará testaram a sua proverbial tenacidade e fidelidade ao dever, durante mais de 20 anos. Nessa longa jornada de exilado dentro da própria pátria, deixou numerosos trabalhos, onde se revela o geógrafo, o astrônomo, o topógrafo, o cartografo e muitas vezes, o naturalista a desvendar segredos de nossa fauna. Nunca será demasiada a admiração e a gratidão dos brasileiros ao trabalho executado pelo Almirante Braz de Aguiar, sobretudo, tendo-se em vista as condições de insalubridade e de desconforto, representadas pelas cachoeiras, pelos pântanos, pelo desespero da solidão, a ameaça constante das febres malignas e ciladas dos indígenas. Nas duras e ingentes caminhadas para a determinação de linhas de fronteira, ele não se limitou à tarefa de fixar marcos geodésícos, pelas coordenadas. Alimentou outra preocupação constante: a de que os territórios por ele limitados passassem a constituir, realmente, uma unidade brasileira. Estudou, preliminarmente, o solo; a fixação do homem à terra; compreendeu que, para melhorar a sorte do sertão, era preciso aproximá-lo da civilização, dos grandes centros industriais e das vias de comunicação. Sugeriu, então, ao Governo medidas de caráter econômico, planejou estradas e prestou assistência desvelada às populações indígenas. Dotado de um coração magnânimo e de profundo espírito de solidariedade humana, ficou condoído com a situação dos habitantes de Cruzeiro do Sul, dizimados pela malária, béri-béri e leismaniose tegumentar, apesar de inomináveis dificuldades, obteve a construção e o funcionamento de um hospital para atendimento à população local e interí- orana. Possuidor de sólidos conhecimentos sobre o problema de fronteiras, inclusive sobre o ponto de vista político-jurídico, além de pesquisador e cientista consciente, surpreendeu a opinião pública com duas descobertas de repercussão internacional: Negou e provou a inexatidão da versão de que o ponto mais setentrional do Brasil se encontrava no Monte Roraima e descobriu as nascentes principais do Orenoco, meta tão ambicionada por renomados exploradores estrangeiros. Á pátria, a quem serviu com a maior fidelidade e devotamento, pediu apenas "SE ACASO ISSO FOSSE POSSÍVEL", melhor amparo para a família, depois de sua morte. Por Decreto de 15 de outubro de 1945, foi reformado no posto efetivo de Capitao-de-Mar-e- Guerra, único galardão que aceitou por toda a sua existência de relevantes serviços prestados ao Brasil e à América. Faleceu a 17 de dezembro de 1947. Em 23 de julho de 1951, o Exmo. Sr. Presidente da República resolve considerá-lo promovido ao posto de Contra-Almirante, ficando assegurados aos seus herdeiros os direitos correspondentes ao posto da referida promoção. A Marinha do Brasil jamais esqueceu o ilustre filho que tanto dignificou suas fileiras, como paladino da unidade nacional e da integração da Amazônia; demarcador e guardião vigilante de nossas fronteiras geográficas e defensor ardoroso de nossa soberania territorial, sobretudo ao longo da imensa linha divisória da Amazônia. A Marinha se orgulha desse heróico discípulo de Tamandaré e agora lhe homenageia e perpetua a abençoada memória, escrevendo o seu nome impoluto no frontispícío do seu Centro de Instrução, na Amazônia. |