¹Extraído do livro: Luzes do Novo Mundo
Rio de Janeiro-RJ Latitude: 23° 03',8 S Longitude: 043º08', 7 W - Alcance Luminoso: 51 Milhas Náuticas – Inaugurado em 31 de julho de 1829
A primeira notícia que se tem de um auxílio aos navegantes instalado na Ilha Rasa é anterior à chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. Na época, todas as noites era acesa uma fogueira no ponto mais alto da ilha, por cujo trabalho um sacrificado serviçal, precursor dos faroleiros, recebia a quantia de 1$000 réis por mês. Para tanto, ele deveria residir na própria ilha.
Foi D. João VI quem determinou a construção do farol. O local escolhido ficava 77 metros acima do nível do mar. As obras foram iniciadas em 1819 e empregou, como maioria da mão-de-obra, presos sentenciados.
O aparelho luminoso - o primeiro do seu gênero a ser instalado no Brasil - foi encomendado na França, de onde veio ainda um mecânico, especialmente designado para acompanhar os serviços de montagem. Tratava-se de um modelo de 1ª ordem catóptrico rotativo, com armadura metálica, em que a rotação de três refletores parabólicos e 21 candeeiros queimando óleo de colza exibiam, a cada três minutos, dois lampejos brancos e vermelho.
Apesar de todo o empenho para que o farol ficasse pronto em 1825, sua inauguração foi adiada. O navio que trazia o aparelho luminoso para o Brasil havia sido atacado por corsários argentinos e teve toda sua carga pilhada. Somente em 31 de julho de 1829, a luz da Rasa brilhou pela primeira vez.
O torreão principal é uma estrutura quadrangular robusta, com 26 metros de altura, e paredes em cantaria, de 1,30 metro de espessura.
Passados cinquenta anos de sua inauguração, aquele que era considerado o farol mais importante do país, às portas da Corte, estava obsoleto. Foi então encomendado um novo aparelho luminoso a Lepaute et Sautter & Lemonnier (Paris), em cujo centro brilharia uma lâmpada de 2.500 velas. Seu mecanismo de rotação, no entanto, continuaria mecânico.
Para a solenidade de inauguração, em 2 de dezembro de 1883, o Imperador Pedro II embarcou na corveta Nictheroy, que o levou até fora da barra. As condições desfavoráveis do mar não permitiram o desembarque na ilha. Naquela noite memorável, as autoridades permaneceram ao largo para assistir ao acendimento do que foi o primeiro farol elétrico da América do Sul.
A construção de um farol na Ilha Rasa sempre foi questão prioritária. Já na segunda década de 1800 transitaram pela capital 1.460 navios, dos quais 398 de longo curso e 1.062 de cabotagem. Hoje, além do farol, funciona ali uma estação meteorológica da Marinha do Brasil.
A experiência de eletrificação tornou-se um passo ambicioso e durou pouco mais de 25 anos. A operação e manutenção do aparelho representavam custo muito alto. Em 1909, foi instalado um novo aparelho lenticular díóptrico, maior, do tipo meso-radiante, tendo como fonte luminosa um véu incandescente, a querosene. As características luminosas do farol foram mantidas. Os dois lampejos brancos e um encarnado eram avistados a 25 milhas náuticas de distância. Por ocasião da instalação de um rádio-farol na Ilha Rasa, em 1949, o farol foi novamente eletrificado, e a fonte de luz passou a ser uma lâmpada de filamento incandescente.
Como não existem nascentes, toda a água consumido na ilha é das chuvas, captada pelas calhas existentes no pátio de mármore e nos telhados das casas dos faroleiros. Após armazenada em uma Brande cisterna, é tratada, e só então destinada ao consumo.
A Ilha Rasa serviu de cárcere para vários dos oficiais que participaram do levante dos “18 do Forte” em 1922. Já durante a 2ª Guerra Mundial, devido a sua localização estratégica, serviu de base para o Grupamento de Vigilância Aérea do Exército Brasileiro.
¹Fonte: DANTAS, Ney – LUZES DO NOVO MUNDO – Histórias dos Faróis Brasileiros; 1ª Edição – Rio de Janeiro, RJ 2002; Editora Luminatti.