Imagina-se que os primeiros e vários povos litorâneos, por necessidade ou curiosidade, se fizeram ao mar, afastando-se cada vez mais de seus "portos" de partida. Durante o dia, orientavam-se por marcas conspícuas do litoral; mas e à noite, como regressariam? Então, alguém de terra, quem sabe seus familiares, acendiam fogueiras sobre montes de pedras ou elevavam fogaréus em braseiros com qualquer artefato possível.
Por convenção, acredita-se que as primeiras "embarcações" tenham sido apenas um tronco de árvore e posteriormente evoluído para uma jangada rudimentar.
À medida que esses primitivos navegantes se encorajaram e passaram a contornar o litoral circunvizinho, em viagens mais longas, outros sinais tiveram que ser acendidos, da forma mais rudimentar ao alcance humano da época. Apesar das maiores atenção e importância sempre dadas às edificações, nesta fase da história, elas não teriam serventia se não fossem encimadas por uma fonte luminosa, adequadamente protegida contra os ventos e as intempéries, por uma "lanterna". Com o correr dos séculos, a lanterna viria a merecer igual atenção dispensada às torres dos faróis, por ter de abrigar, além da fonte luminosa, os aparelhos refletores ou refratores da luz, mecanismos de rotação e outros acessórios. Aliás, é oportuna uma ligeira digressão sobre o significado de "lanterna", para nós, nessa época. Lanterna é tão somente o dispositivo, guarnecido ou não por caixilhos de material transparente, que encimava o corpo dos faróis, com o propósito de proteger, a fonte de luz e outros aparelhos afins, que com o tempo surgiram.
Existem registros documentais, imagens, descrições, inscrições, moedas e outros, que comprovam a existência de pelo menos 200 faróis na Antigüidade, entre 300 A.C. e 300 D.C., e de no mínimo outros 30 erigidos dentro dos limites do Império Romano, durante seu esplendor. O mais famoso e o que melhor se conhece dessa época, considerado, de fato, como o primeiro farol da História, foi o construído na ilha de Pharos, a oeste da entrada da baía de Alexandria, nos limites do delta do rio Nilo, e que lhe deu o nome, "Pharos de Alexandria", Sua torre de pedra, calcula-se, com cerca de 149 metros de altura, tinha a forma quadrangular na base, com 33 metros de lado, octogonal na seção intermediária e circular na superior. Sua fogueira podia ser avistada a 29 milhas náuticas. Essa, em resumo, é a descrição que nos deixou o geógrafo Edrisi, que o visitou em 1150, antes de sua destruição por um terremoto em 1200.
00 AC – Far
ol de Alexandria, cidade do Egito com um dos portos mais ricos do mundo antigo, construído por Ptolomeu II na ilha de Pharos – daí o nome farol que passou a denominar todas as construções similares – o mais antigo de que se tem notícia, com cerca de 130 metros de altura, sua luz podia ser vista a 22 milhas náuticas (cerca de 40km) de distância. Era considerado uma das sete maravilhas do mundo até sua destruição por um terremoto em 1300.
40 DC – O Imperador Calígula, durante a invasão da Gália e da Bretanha, mandou construir, no continente um farol que se imagina ser o atual Boulogne (em Calais), e na ilha, três outros, um dos quais, resta em Dover.
50 DC – Farol de Ostia, com cerca de 30 metros de altura, o mais famoso depois do de Alenxandria, cuja construção foi terminada pelo Imperador Cláudio. Foi destruído por um maremoto
400 – Até o declínio do Império Romano cerca de 30 faróis foram construídos entre o Mar Negro e Gibraltar, no sul da Europa e norte da África.
1130 – Farol de Gênova, fogueira na ponta do promontório de São Benigno. Considerado pelos italianos o primeiro de nossa Era.
1157 – Farol de Meloria (próximo a Livorno) o primeiro construído em Mar aberto.
1500 – Descobrimento do Brasil.
1520 – Farol de São Vicente, o primeiro acesso em Portugal, no Mosteiro de São Francisco.
1550 – Farol de Cordouan, próximo a Bordeaux, na França, o mais antigo farol em serviço.
O Século XIX é caracterizado pela precípua necessidade dos faróis serem guarnecidos por dois ou três faroleiros, a quem cabia acendê-los ao entardecer, dar-lhes cordas durante a noite (quando para exibir luz intermitente) e apagá-los pela manhã. Principalmente entre nós, esse período é também aquele em que atravessamos uma rápida evolução tecnológica, um sensível crescimento numérico de sinais e expressivas reorganizações administrativas. As rústicas atalaias de madeira e as primitivas construções de alvenaria foram sendo, a partir da Independência, paulatinamente substituídas por robustas torres (ainda hoje existentes) e esguios postes de ferro fundido provenientes da Inglaterra. Um exemplo ainda remanescente deste época são as fabulosas torres Mitchell, com residências suspensas, construídas sobre sapatas rosqueadas em terrenos arenosos são importadas para Salinas, Aracaju, Belmonte, Rio Real e São Tomé, dentre outros. Evoluímos dos candelabros e lampiões suspensos, dos aparelhos com refletores parabólicos de luz fixa, aos sistemas rotativos de corda (tal qual a de um relógio cuco) e aos aparelhos lenticulares de cristal importados da França, na ocasião, o único fabricante no mundo.
As velas de espermacete e os óleos combustíveis vegetais, utilizados para inflamar as mechas das lamparinas de luz fixa cedem lugar ao querosene misturado ao ar sob pressão para incandescer um véu ou camisa, tipo Aladin.
Por ocasião de publicação da primeira relação de faróis e faroletes de nossa costa, elaborada com dados fornecidos pela Diretoria de Faróis, em 1896, tínhamos 48 faróis dos quais 8 em ilhas, 36 faroletes e 2 barcas-farol. Muitos de nossos principais faróis, ainda hoje, conservam suas torres e aparelhos lenticulares originais. Atualmente, apenas 30 de nossos faróis são guarnecidos.
Em 1947, atendendo ao novo Regulamento da Diretoria Geral de Hidrografia e Navegação, é criado o Departamento de Sinalização Náutica, instalado na Base Almirante Moraes Rêgo, na Ilha de Mocanguê Grande. E em 9 de julho de 1965, é criado o Centro de Sinalização Náutica Almirante Moraes Rêgo - CAMR.