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Acreditação e a Identificação da Origem de Derramamento de Óleo

Atualizado em: 15/08/2022

 

A Divisão de Oceanografia Química e Geoquímica Ambiental (DOQGA), por meio do Laboratório de Geoquímica Ambiental Forense (LGAF), possui análises acreditadas pela Coordenação Geral de Acreditação/Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CGCRE/INMETRO), cumprindo os requisitos da Norma ABNT NBR ISO/IEC 17.025 - Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração.

A Norma ABNT NBR ISO/IEC 17.025 especifica os requisitos que os laboratórios de ensaio e calibração devem atender para demonstrar que são tecnicamente competentes, capazes de produzir resultados tecnicamente válidos e, principalmente, que tenham um Sistema de Gestão implementado.

A acreditação é o reconhecimento formal de que uma entidade está operando um Sistema de Gestão implantado e tem competência técnica para realizar tarefas específicas.

Por meio da acreditação, o LGAF faz parte da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio – RBLE e é afiliado à Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro por meio da rede temática Rio Metrologia.

A acreditação é uma forma da Autoridade Marítima garantir, para a Sociedade, que o LGAF cumpre requisitos mínimos de qualidade nas análises forenses realizadas para a identificação da origem em incidentes de poluição por óleo.

Para que um laboratório obtenha acreditação pela CGCRE/INMETRO o mesmo deve cumprir uma série de requisitos, como manter um sistema de gestão da qualidade implementado, ser submetido a auditorias periódicas e participar de programas interlaboratoriais.

No Brasil, por força da Lei Federal nº 9.966/2000, conhecida como “Lei do óleo”, que “Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional”, a Autoridade Marítima é responsável pela prevenção da poluição ambiental e pela apuração das circunstâncias de sua ocorrência no mar e águas navegáveis, devendo atuar em conjunto com outros órgãos, como o IBAMA e ANP. O IEAPM, por sua tradição em pesquisas oceanográficas, foi escolhido pela Autoridade Marítima para centralizar a realização de análises forenses nesse tipo de incidente. A partir desse momento, o LGAF iniciou o processo de capacitação e reestruturação, visando adequar-se às futuras análises e ao processo de acreditação. Em 2003 o LGAF, na época pertencente à Divisão de Química, obteve a acreditação junto à CGCRE/INMETRO.

A acreditação do laboratório tem como escopo as seguintes análises:

- Análise comparativa de óleos por cromatografia a gás com detector de ionização por chama (GC-FID); e

- Análise comparativa de óleos por cromatografia a gás acoplado a espectrômetro de massas (GC-MS).

Inicialmente, as amostras são analisadas em GC-FID e, por meio do perfil cromatográfico obtido, determina-se o tipo de óleo (seu perfil químico “Whole Oil”). Desta forma, é possível realizar uma triagem inicial selecionando as amostras que são mais similares à amostra representativa do óleo derramado, por serem do mesmo tipo de produto. Nesta etapa da marcha analítica, os óleos que apresentam perfil cromatográfico que indica tratar-se de um produto diferente ao da amostra do derramamento são excluídos do rol de suspeitos de terem ocasionado o incidente. Em cumprimento a um protocolo de avaliação, as amostras mantidas como suspeitas após a triagem por GC-FID são analisadas por meio de GC-MS, quando é possível avaliar os perfis químicos de biomarcadores de petróleo, bem como de HPAs parentais e alquilados. Os biomarcadores de petróleo são compostos químicos altamente específicos que podem ser correlacionados inequivocamente a substâncias presentes nos organismos vivos que deram origem ao petróleo. Devido ao fato de que óleos crus e seus derivados têm composições químicas que os diferenciam entre si, função da matéria orgânica que compôs a sua rocha geradora e das condições de maturação a que essa foi submetida no processo de formação do petróleo, os perfis de biomarcadores de petróleo podem ser utilizados como ferramenta de investigação da origem de um derramamento de óleo, sendo possível identificar óleos que possuem a mesma origem e, consequentemente, identificar o causador do incidente de poluição. Já os HPAs podem ser utilizados na investigação das características do tipo de produto, já que alguns HPAs podem ser associados a processos químicos como o craqueamento catalítico, indicativo de processos de refino que, sob condições adequadas, pode possibilitar identificar se um incidente foi ocasionado por um petróleo bruto ou por um derivado de petróleo com perfil químico similar.

Análise Comparativa de Óleos por GC-FID e GC-MS

 

O LGAF do IEAPM é o laboratório oficial da Autoridade Marítima para a realização de análises para a determinação dos perfis químicos de biomarcadores de petróleo, técnica popularmente conhecida como determinação do DNA ou impressão digital (fingerprint) de óleos, com vistas à identificação de origem de descargas oleosas nas águas jurisdicionais brasileiras. Tais análises são conduzidas pelo IEAPM desde o ano de 2002.

 

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