Uniformes navais mantêm detalhes que os singularizam dentro da Forças Armadas.
Os uniformes da Marinha sempre foram mais discretos que os do Exército e por uma razão muito simples: se, no passado, é importante para os chefes militares identificarem, com um golpe de vista, suas tropas no campo de batalha, tal necessidade não existia no mar, onde não se precisa desse recurso para saber onde estão os marinheiros. É em parte por causa disso que as primeiras unidades navais a usarem uniforme de forma regular foram aquelas que também combatiam em terra – os fuzileiros navais.
Os fuzileiros portugueses já vestiam uniformes no século XVII, o que era útil até em tempos de paz. Sua função era proteger o navio contra abordagem inimiga, mas também evitar motins a bordo e dar proteção aos oficiais, já que o uniforme servia para distingui-los do resto da tripulação. Eles, no princípio, usavam fardas verdes, passando depois ao azul, mesma cor adotada aqui pelos fuzileiros navais luso-brasileiros, a partir de 1808. Os oficiais também se vestiam de azul. De modo geral, estes já aparecem uniformizados, nas marinhas ocidentais, desde o século XVII, como mostram antigas gravuras, enquanto que os marinheiros teriam que esperar mais um século para ganhar roupas padronizadas.
Alguns uniformes revelam detalhes especiais herdados das velhas tradições que os singularizam e ajudam mesmo a manter o “espírito de corpo” dentro das forças navais. É o caso das fardas dos fuzileiros, que os destacam entre outros soldados. Contrastando com a tradicional discrição da Marinha, seu uniforme de gala, com o dólmã em vermelho vivo, é único nas forças armadas. O “gorro de fita”, de inspiração escocesa, foi adotado em 1890, por inspiração de um comandante de ascendência britânica.
Mesmo em setores em que os uniformes já aparecem mais ou menos unificados, cada uma das três forças armadas mantém certos detalhes de modo a demonstrar sua autonomia. É o caso das modernas roupas de camuflagem, de cor básica verde-clara, com manchas marrons e verde-escuras, mas com pequenas diferenças não perceptíveis à primeira vista. O uniforme camuflado da Força Aérea, por exemplo, inclui o azul-escuro, enquanto que o dos fuzileiros navais apresenta tons mais claros que o do exército.
(NETO, Ricardo. Nossa História: guerras que quase esfacelaram o Brasil. Editora Vera Cruz, n. 37, 2006 _ Adaptado).