Direção do Hospital Naval de Ladário
No dia 7 de julho de 1980, a Marinha do Brasil (MB) dava início à trajetória das mulheres na carreira militar, por meio da criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM), marco inicial e pioneiro da participação da mulher nas Forças Armadas brasileiras.
Ao longo dos últimos 40 anos, a presença feminina ganhou força e continua ganhando destaque. Um exemplo desse fortalecimento está em Ladário, Mato Grosso do Sul. Pela primeira vez, o Hospital Naval de Ladário (HNLa), Organização Militar (OM) subordinada ao Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN), possui nos seus cinco cargos de chefia somente mulheres. As militares ocupam a Direção, Vice-direção, Junta Regular de Saúde, Departamento de Administração e Departamento de Saúde.
É a primeira vez, também, que a Capitão de Mar e Guerra (Md) Raquel Didimo Imazaki dirige um hospital, e o cargo, segundo ela, é um desafio. “Recebi como uma das missões mais importantes de toda a minha carreira em termos de abrangência, de conhecimentos, desafios, de novos aprendizados. Como eu gosto muito da Medicina e da Marinha, encarei como uma missão nobre que precisava abraçar”.
A Direção inteiramente feminina, segundo a Vice-diretora, a Capitão de Fragata (S) Lia Andrea Barbato Tafarel, é a possibilidade de “demonstrar que ser mulher e militar são atributos que podem ser conjugados no mesmo ser, pois somos todas, independente de patente ou graduação, profissionais qualificadas, cada qual na sua área de formação, prontas para atender e cumprir a missão da OM com dignidade e, sobretudo amor à Instituição que pertencemos”.
Em relação à aceitação de uma Direção composta por mulheres, a CMG (Md) Raquel explica que a resistência é inexistente, “algumas pessoas acham que a presença feminina não vai impor o devido respeito ou autoridade necessária e que o fato de não falar grosso vai influenciar em alguma coisa e fazer com que você seja menos respeitada ou que tenha sua autoridade questionada. Mas muita coisa mudou nas últimas décadas e muita coisa ainda vai mudar com a entrada das mulheres na Escola Naval”.
A mudança desse cenário e o respeito adquirido, segundo a Chefe do Departamento de Saúde, a Capitão de Corveta Tatiane Ferreira Patrício (Md), se deve ao empenho das mulheres ao ingressarem na MB. “As mulheres não mediram esforços em sua qualificação, treinamento e habilitação, abraçando a carreira e demonstrando ser capaz de construí-la de forma bem sucedida”.
“Ser do sexo feminino não nos torna diferentes. Apenas demonstra quem podemos ser e porque estamos aqui. Estamos preparadas para atuar em prol da missão do HNLa. Somos mulheres sensíveis, somos mães, somos fortes e frágeis, somos guerreiras e comprometidas, mas acima de tudo somos militares”, complementou a Chefe de Departamento do hospital, Capitão de Fragata (IM) Silvana do Valle Leone.
Hoje, o HNLa possui em seu quadro 38% de mulheres, entre praças e oficias. No 6º Distrito Naval, as mulheres representam 28% entre os oficiais e 4% entre os militares praças.