A formação militar é a estruturação de um caráter verdadeiro, sólido, persistente e simples. É a conscientização do servir, do espírito de abnegação; o surgimento da motivação interior da disciplina, da força de vontade, mesmo em ambientes adversos. Enfim, é a formação do Caráter Marinheiro. Para alcançar essa formação, os jovens que aspiram ao Oficialato são integrados numa organização única e distinta na Marinha:
O Corpo de Aspirantes
O Corpo de Aspirantes é a estrutura militar que torna exeqüível a condução das atividades dos Aspirantes, no atendimento à rotina da Escola Naval. Por seu intermédio se consolida a estrutura hierárquica e se faz presente a disciplina. Para fins administrativos, o Corpo de Aspirantes é dividido em dois batalhões, tendo cada um três companhias e cada uma destas, três pelotões. Cada batalhão e companhia possui um Oficial comandante, que orienta os Aspirantes, troca experiências e informações, contribuindo sobremaneira para a formação profissional. Os Oficiais do COMCA são auxiliados por Oficiais-Alunos, os vinte e oito Aspirantes que obtiveram os melhores rendimentos na sua formação intelectual, militar e física durante os três anos em que estiveram na EN. São os Oficiais-Alunos Comandantes de Pelotão, Companhia, Batalhão, o Imediato-Aluno e o Comandante-Aluno. A vida acadêmica traz consigo o conceito de Turma, conjunto dos Aspirantes que ingressam em um mesmo ano na Escola, e em um mesmo ano – que identifica a turma – são declarados Guardas-Marinha. A Turma é o dia-a-dia na Escola Naval, e é o início da vida em conjunto na Marinha. Convive-se mais com os companheiros de turma do que com os próprios familiares. É necessário, portanto, ser amigo; saber incentivar, animar, ajudar os companheiros; e, sobretudo, saber respeitá-los como são e não como se gostaria que fossem. Cada Turma tem sua função específica dentro da formação da liderança, cabendo ao quarto ano, turma mais antiga, a condução de todo o Corpo de Aspirantes para o bom desempenho de suas funções. Existe, ainda, no Corpo de Aspirantes, como em toda Marinha, o Detalhe de Serviço que identifica os Aspirantes que, em determinado período de tempo, recebem uma responsabilidade específica para uma atividade de controle e mando sobre o pessoal e material. Tal responsabilidade confere ao Aspirante autoridade para fazer cumprir, perante seus pares e subordinados, as ordens que receber. Por isso, cada turma tem serviços compatíveis com sua hierarquia. Tão importante como desempenhar- se bem em seu serviço é respeitar e acatar o Aspirante de Serviço, posto que ele ali representa a autoridade do comando.
Formação Marinheira
O despertar do gosto pelo mar no jovem que ingressa na Escola Naval é a essência da formação marinheira. Para tal, busca-se, pelo exercício das atividades de vela e remo, levar o jovem a ter contato com o mar. As travessias e competições a bordo dos veleiros oceânicos, a atuação harmoniosa no remo e o prazer solitário da canoagem proporcionam elementos para fazer o jovem evidenciar seus valores e, principalmente, respeitar os elementos da natureza que transformam uma ensolarada manhã de ventos frescos em uma tarde tempestuosa de chuvas e rajadas ameaçadoras de vento. Todos os Aspirantes podem desfrutar dessa experiência que requer, é verdade, dedicação especial e muito espírito marinheiro.
Formação Física
A formação física é uma generosa fonte de aperfeiçoamento moral, cooperando para o aprimoramento dos valores espirituais dos homens. Por outro lado, desde a antiguidade, a educação física é tida como um dos elementos essenciais à saúde. Nos dias de hoje, passou a ter, também, valor terapêutico, uma vez que prepara o organismo contra doenças e permite o perfeito funcionamento dos diversos órgãos. A prática de exercício físico exterioriza a emoção, a cultura e a inteligência, e também desperta os predicados que elevam nossa moral. A atividade física, então, deve visar ao caráter, à força de vontade e à confiança em si próprio. A Escola Naval participa de diversas competições, tanto no meio militar quanto no civil, quando se faz representar por equipes esportivas. São as seguintes as modalidades de equipes: vela, natação, canoagem, atletismo, polo-aquático, remo (olímpico e escaler), pentatlo militar, tiro (arma curta e arma longa), esgrima, basquete, vôlei, judô, futebol de campo,caratê e orientação. O calendário de competições esportivas é bem abrangente e nele se destacam as competições entre as escolas militares (NAVAMAER), com a Universidade Mackenzie (MACNAV), com o Colégio Naval, a Regata Escola Naval (vela e canoagem) e a Regata a remo(olímpico e escaler). Como meio de incentivo, a Escola possui Ordens Honoríficas que visam a distinguir os Aspirantes que se destacam em suas equipes. São elas: as Ordens dos Veleiros, dos Esgrimistas e dos Atiradores. O Comandante da EN é o Capitão-Mor da Ordem dos Veleiros e o Presidente de Honra das Ordens dos Esgrimistas e dos Atiradores. Essas ordens, regidas por estatutos próprios, estão ao alcance de todos aqueles que, dedicada e eficientemente, esmeram-se em projetar o nome da EN cada vez mais alto.
Formação Sócio-Cultural
Os Aspirantes possuem horas de recreação, nas quais podem dedicar-se às atividades extracurriculares, praticar esportes ou frequentar a Praça d’Armas dos Aspirantes e a Biblioteca. A Sociedade Acadêmica Phoenix Naval é responsável por promover atividades recreativas, culturais, artísticas e sociais entre os Aspirantes ou com entidades de realce da nossa sociedade. Sendo coordenada pelos Aspirantes do último ano e com a participação efetiva de Aspirantes de todos os anos, ela proporciona desejável integração entre as turmas e entre os mais diversos e elevados segmentos sociais, contribuindo para a indispensável formação sócio-cultural dos futuros Oficiais da Marinha. A história da Sociedade Acadêmica Phoenix Naval remonta ao século XIX. Antes de 1886, já existia uma sociedade com este nome: Sociedade Phoenix Scientífica Litterária, cujo órgão oficial era a revista Escola Naval. Em 1893, a Phoenix viria a ser dissolvida em 1893, durante a Revolta da Armada. Renascida em 1912, à época do Aspirante Benjamin Sodré, até o ano de 1962, a Phoenix coexistiu com outros grêmios. Lançada a idéia de agrupá-los sob uma única administração, surgiram dois nomes para representar a nova associação: Sociedade Acadêmica Villegagnon e Sociedade Acadêmica Phoenix Naval, prevalecendo este último. Surgiu então, em 5 de maio de 1962, a atual Sociedade Acadêmica Phoenix Naval, designada pela sigla SAPN, a qual compete colaborar com o comando da Escola Naval na formação cultural, moral, social e cívica do Aspirante, incentivando e despertando atributos tais como lealdade, disciplina, iniciativa, cooperação e espírito de equipe. A Sociedade Acadêmica Phoenix Naval, mais do que uma grande e valiosa experiência, é uma oportunidade ímpar de criar e produzir, de descobrir e aprimorar tendências e vocações, participando cada vez mais intensamente da vida e do dia-a-dia do Aspirante ao longo do seu Ciclo Escolar.