PROANTAR
O desenvolvimento de quaisquer atividades no Continente Antártico precisa levar em conta as especificidades de um ambiente hostil à presença humana, com características climáticas severas e condições de sobrevivência nem sempre ideais. A coleta de dados científicos nessa região exige deslocamentos em terrenos não convencionais, muitas vezes perigosos e, também, permanência por significativo tempo em acampamentos isolados. Dado a esse fato, durante as Operações Antárticas (OPERANTAR), o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) emprega montanhistas profissionais, com larga experiência e habilitação para atuação em áreas polares ou gélidas, a fim de prestarem apoio e segurança às atividades de campo.
Foto: Edson Vandeira
O PROANTAR contratou oito montanhistas para prestarem apoio às atividades de pesquisas durante o período de verão da OPERANTAR XLI, de outubro de 2022 a março de 2023. Dos 23 projetos de pesquisa vigentes, em diversas áreas de conhecimento, 17 deles contam com a colaboração direta destes profissionais.
Alguns desses projetos atuam embarcados nos navios da Marinha do Brasil – Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” e Navio Polar “Almirante Maximiano” – e contam com saídas de botes ou helicópteros para realização das coletas em campo em diferentes sítios antárticos. Outros, baseados na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), fazem deslocamentos a pé, em quadriciclos ou em botes para a obtenção de dados e amostras na região da Baía do Almirantado.
E, ainda, alguns projetos são conduzidos a partir de acampamentos estabelecidos em regiões de difícil acesso. Nesta OPERANTAR XLI, seis grupos de pesquisa desenvolveram suas atividades em três acampamentos montados em diferentes locais da Península Antártica: Ilhas James Ross, Livingston e Marambio, com permanência de mais de trinta dias.
A presença de montanhistas especializados nos navios, na estação e nos acampamentos apresenta-se como solução para prover ao PROANTAR o necessário grau de segurança, fator imprescindível para alcançar o êxito nas tarefas e trabalhos realizados no ambiente antártico, à luz do devido planejamento e coadunado com a tríade antártica: observação, paciência e oportunidade.
Foto: Edson Vandeira
Foto: Edson Vandeira
Do montanhista antártico exige-se o conhecimento das tarefas de coleta de dados em campo, a fim de subsidiar o planejamento tático-operacional; liderança frente a grupos de pequisas; domínio das atividades rotineiras em acampamentos antárticos e em situações extremas que envolvam técnicas de sobrevivência em ambiente com gelo e neve; e gerenciamento de conduta da equipe voltada à conservação ambiental e à manutenção das condições psicológicas, a fim de manter a harmonia laborativa durante as atividades e permanência no Continente Antártico. A atividade de montanhismo abrange um largo espectro de habilidades, especialmente na região antártica, onde o conhecimento daquele ambiente inóspito é essencial para o planejamento e a execução, em campo, de quaisquer das atividades previstas.
Montanhistas experientes e capacitados são extremamente importantes no ambiente antártico, pois têm a capacidade de assimilar, aprender, reconhecer, prever e respeitar os fenômenos da natureza em condições extremas. A eles cabe assegurar o cumprimento das principais medidas com relação à segurança e à preservação ambiental – premissas básicas e administradas com seriedade pelo PROANTAR.
Vídeo produzido pelo montanhista Edson Vandeira apresentando imagens da EACF e de acampamentos isolados na região da Península Antártica - que, juntamente com os navios Ary Rongel e Almirante Maximiano, são os locais onde se baseiam a coleta de amostras, obtenção de dados e realização de experimentos científicos no Continente Branco.