NAsH “Doutor Montenegro” realiza atendimentos em comunidades durante a subida do Rio Juruá
Embarcação da Marinha em ação de inspeção naval (Foto: Acervo)
Agência Marinha de Notícias
Brasília, DF
09/02/2022
Nós últimos dez anos, a Diretoria de Portos e Costas (DPC) constatou um aumento significativo do número de embarcações no País. O total saltou de 687.885 para 992.697, um acréscimo de quase 45%. Isso fez com que a Marinha do Brasil (MB) redobrasse a atenção com a Segurança do Tráfego Aquaviário (STA). O maior fluxo de navegação nos mares, rios e lagoas demandou mais ações de fiscalização da MB.
Nesse contexto, a fim de abordar questões sobre STA, a Agência Marinha de Notícias conversou com o Diretor de Portos e Costas, Vice-Almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho. Nesta entrevista, ele ressaltou a importância da MB fiscalizar o tráfego aquaviário, explicou como ocorrem as inspeções navais e esclareceu de quem é a responsabilidade sobre o zoneamento e a sinalização dos espelhos d´água.
Cabe à DPC, dentre outras atividades, representar a Autoridade Marítima (Marinha do Brasil) no que tange à normatização e à fiscalização dos assuntos ligados à segurança da navegação, à Marinha Mercante, ao ensino profissional marítimo e à prevenção da poluição hídrica causada por embarcações. A MB possui capilaridade por todo o território nacional, principalmente por meio de suas Capitanias, Delegacias e Agências.
Agência Marinha de Notícias: Qual a importância da Marinha fiscalizar o tráfego aquaviário?
Almirante Salgueirinho: De acordo com o contido na Lei nº 9.537/1997, compete à Marinha do Brasil, como Autoridade Marítima Brasileira, fiscalizar o tráfego aquaviário. Tal fiscalização tem como objetivo promover, antes de tudo, ações educativas e de orientação aos tripulantes de embarcações sobre a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana e a prevenção da poluição hídrica, a partir de embarcações, plataformas e suas instalações de apoio, seja no mar ou nas hidrovias interiores.
Como acontece essa fiscalização?
A fiscalização aquaviária ocorre por meio de ações de inspeção naval, na qual são deslocadas equipes das Capitanias dos Portos, suas Delegacias e Agências subordinadas, empregando suas embarcações e viaturas, de modo a verificar in loco as condições gerais das embarcações, a habilitação dos condutores e da tripulação, o estado do seu material de salvatagem e de combate a incêndio, a existência de eventual excesso de lotação, entre outros aspectos. Todo esse esforço se justifica porque é por este método que se diminuem os números de acidentes náuticos e se educa os condutores e tripulantes de embarcações.
Todos os anos, a Marinha promove a chamada Operação “Verão”. Por meio de Ações de Fiscalização do Tráfego Aquaviário (AFTA), tanto no litoral, quanto em águas interiores, a Marinha atua em todo o território nacional, por meio de seus nove Distritos Navais (DN) e suas 68 Capitanias (CP), Delegacias (DL) e Agências (AG), todos com um único objetivo em comum: conscientizar condutores e passageiros a navegar com segurança, a fim de se evitar acidentes e preservar vidas humanas.
Na maioria dos Distritos Navais, as ações de fiscalização são intensificadas nos meses de dezembro a março, pois é no período do verão que se observa expressivo aumento do tráfego das embarcações de esporte e lazer nas águas brasileiras, devido ao período de férias e às festividades típicas desta época do ano.
Apesar de incrementarmos os esforços de fiscalização durante os meses da Operação “Verão”, as ações educativas e fiscalizatórias não se limitam a uma única época do ano. O trabalho constante de conscientização é fundamental para que a segurança da navegação e o lazer sigam juntos, no mesmo barco, tendo sempre como foco a redução das situações de acidentes causados pelo não cumprimento das normas de segurança da navegação.
Quem coordena a fiscalização dos mares, rios e lagoas?
A fiscalização dos mares, rios e lagoas é realizada sob coordenação dos Comandos dos Distritos Navais (DN), Organizações Militares da MB que coordenam as ações de fiscalização das suas áreas de jurisdição e são efetuadas pelas equipes de inspeção naval das CP/DL/AG subordinadas. Diariamente, embarcações são abordadas com o intuito de verificar se estão cumprindo os requisitos técnicos estabelecidos nas Normas da Autoridade Marítima (NORMAM), no que se refere aos equipamentos e materiais obrigatórios, documentação e habilitação dos seus tripulantes.
O que cabe à Marinha na Segurança do Tráfego Aquaviário (STA)?
As atribuições da Marinha do Brasil, como Autoridade Marítima, estão descritas no artigo 4º da Lei nº 9.537, de dezembro de 1997, que dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional. Conforme estabelecido nessa lei, a MB dispõe de atribuições, tais como: elaborar normas para habilitação e cadastro dos aquaviários e amadores; elaborar normas para o tráfego das embarcações; realização de inspeções navais e vistorias; cadastramento de empresas de navegação; e aplicação de penalidade, dentre outras.
Qual é o propósito de uma inspeção naval? O que é verificado?
A inspeção naval é uma atividade de cunho administrativo, que consiste na fiscalização do cumprimento da Lei 9.537. O propósito é garantir a salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação, no mar aberto e em hidrovias interiores, além de prevenir a poluição ambiental por parte de embarcações, plataformas e suas instalações de apoio.
Durante a atividade de inspeção naval são verificados os certificados das embarcações, o correto posicionamento dos coletes salva-vidas, a existência e o posicionamento dos equipamentos de segurança e de salvatagem. Também verificamos a existência e a sinalização das saídas de emergência e seu livre acesso, o funcionamento de equipamentos de bordo, os certificados dos tripulantes e demais partes documentais, entre outros requisitos previstos nas NORMAM.
Quais os procedimentos adotados pelas Capitanias, Delegacias e Agências quando acontece um acidente?
Quando acontece um acidente envolvendo embarcações e a Marinha é informada da ocorrência, a Capitania, Delegacia ou Agência, cuja jurisdição abrange o local do acidente, desloca suas equipes de prontidão de Busca e Salvamento – as chamadas equipes SAR - para o local informado, a fim de prestar o atendimento e o apoio inicial necessário. Constatado o acidente, após prestados os primeiros socorros às pessoas feridas, é instaurado um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas do acidente e seus eventuais responsáveis.
Como funciona, no Brasil, o zoneamento e a sinalização dos espelhos d´água?
A Lei nº 9.443/1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Quanto à sinalização, caso seja de interesse dos estados e municípios estabelecer a sinalização náutica, a NORMAM-17/DHN (Portaria DHN/DGN/MB Nº 6, de 12 de maio de 2021) dispõe sobre as Normas da Autoridade Marítima para Auxílios à Navegação.
O Agente da Autoridade Marítima pode assessorar o Poder Estadual/Municipal quanto aos requisitos técnicos para a implantação da sinalização adequada para cada caso. Considero que o estabelecimento do zoneamento do espelho d’água e a correspondente sinalização daquele espaço definido por Decreto Municipal são fatores de sucesso na redução do potencial de acidentes náuticos, uma vez que deixam claro a todos os usuários do espaço em questão quanto à divisão do espaço para cada categoria, sejam banhistas, embarcações motorizadas, ou outros tipos de embarcações sem propulsão a motor, como os stand up paddles (SUP), por exemplo.
Para acionar a Marinha do Brasil em uma emergência náutica o cidadão deverá fazer contato com o Salvamar Brasil (https://www.marinha.mil.br/salvamarbrasil/) pelo telefone 185, que deve ser utilizado exclusivamente para emergências marítimas e fluviais. Esse telefone é dedicado para atendimento da salvaguarda da vida humana no mar em todo o território brasileiro.
Para o caso de uma denúncia, deve-se procurar o telefone da Capitania, Delegacia ou Agência responsável pela área de interesse.
Visualize aqui a Capitania, Delegacia ou Agência mais próxima de sua localidade
Lancha da Capitania Fluvial de Brasília em Ação de Inspeção Naval
Agência Marinha de Notícias
Brasília, DF
Como Autoridade Marítima Brasileira (AMB), cabe à Marinha do Brasil (MB) orientar e fiscalizar o tráfego aquaviário, por meio das suas Capitanias, Delegacias e Agências distribuídas por todo o Brasil. Antes de sair para navegar, é importante que os tripulantes e passageiros estejam atentos às regras e aos procedimentos estipulados nas Normas da Autoridade Marítima (NORMAM), que podem ser consultadas por meio do site da Diretoria de Portos e Costas (www.marinha.mil.br/dpc), no link “Normas e Legislações”.
O documento da embarcação deve estar em dia e a bordo. O condutor precisa portar a sua habilitação e não pode fazer uso de bebida alcoólica. Os extintores de incêndio têm que estar dentro do prazo de validade e em local de fácil acesso. Toda embarcação deve possuir material de salvatagem, tais como coletes e boias de acordo com a dotação da embarcação. Estas são algumas recomendações a serem seguidas pelos condutores de embarcações que podem ser verificadas, também, pelos passageiros.
Para fiscalizar o cumprimento e os requisitos estabelecidos nas normas vigentes e a fim de evitar acidentes náuticos, ações de Inspeção Naval são realizadas rotineiramente, com vistorias eventuais ou periódicas.
Em Brasília, por exemplo, o Capitão dos Portos de Brasília, Capitão de Fragata Gúbio de Oliveira, afirma que “a Capitania Fluvial de Brasília realiza inspeções no Lago Paranoá e em toda a sua área de jurisdição, durante os finais de semana e em dias aleatórios, inclusive nos feriados. Temos equipes de prontidão 24 horas por dia para qualquer eventualidade que possa ocorrer.”
É preciso respeitar a lotação máxima de passageiros. Motos aquáticas não são homologadas para trafegarem no período noturno, assim como outras embarcações miúdas. “Conhecer bem a sua área de navegação e não navegar próximo das áreas destinadas aos banhistas são recomendações constantes feitas pelos nossos militares”, complementa o Comandante Gúbio.
“No caso das inspeções, elas são realizadas em duas etapas. Na primeira etapa, verificam-se os documentos, tanto do condutor quanto da embarcação. Nesta etapa detectamos se o cidadão está habilitado. Em um segundo momento, é verificado se a embarcação possui todos os equipamentos de salvatagem preconizados, ou seja, coletes, boias e luzes de navegação e se está de acordo com a lotação máxima estipulada em documento”, afirmou o Comandante Gúbio.
O representante da Autoridade Marítima de determinada localidade poderá, “mediante procedimento administrativo, apreender o certificado de habilitação e a embarcação, retirar a embarcação do tráfego ou impedir a sua saída, aplicar multas, suspender o certificado de habilitação por até 12 meses ou até mesmo cancelá-lo, se for o caso”, complementou.
Em Brasília, a CFB tem o propósito de contribuir para a orientação, coordenação e o controle das atividades de esporte e recreio, no que se refere à salvaguarda da vida humana no mar, à segurança da navegação e à prevenção da poluição hídrica concernente às embarcações.
Ao Governo do Distrito Federal compete estabelecer as áreas de uso do espelho d'água do Lago Paranoá, definindo os locais e as atividades permitidas. O Plano de Gerenciamento Costeiro atribui aos municípios a responsabilidade de sinalizar os espaços marítimos, fluviais e lacustres, de modo a tornar seguro o seu uso compartilhado por embarcações e banhistas. Nesta questão, a Autoridade Marítima Brasileira assessora no que for preciso.
Os militares da capitania, prezando pela salvaguarda da vida humana, quando em ações de inspeção naval orientam banhistas e praticantes de esportes, quando encontram-se fora da área prioritária para banho.
Acidentes e Fatos da Navegação
Em caso de acidentes da navegação, os procedimentos a serem adotados também estão regidos em Norma da Autoridade Marítima (NORMAM-09), que determina a instauração de inquérito sobre o ocorrido.
Segundo levantamento da Marinha do Brasil, as infrações que mais chamam a atenção durante as ações de fiscalização são: falta de habilitação dos condutores; documentação da embarcação incompleta ou vencida; falta de material de salvatagem (coletes, boias, extintores de incêndio entre outros); desrespeito ao limite de lotação da embarcação, consumo de bebida alcoólica durante a condução, e más condições de navegabilidade das embarcações.
A Marinha do Brasil reforça seu compromisso de zelar pela salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação, nas águas jurisdicionais brasileiras, e a prevenir a poluição hídrica oriunda de embarcações e relembra que existe um telefone disponível, ininterruptamente, para atender a emergências marítimas e fluviais: 185.
Militar aborda embarcação durante inspeção naval em Santarém (PA)
O Comando do 4º Distrito Naval incrementou as ações de inspeção naval durante a Operação “Verão 2021/2022”, realizada no período de 17 de dezembro de 2021 a 17 de janeiro, nos estados do Pará, Amapá, Maranhão e Piauí. As fiscalizações foram intensificadas nas travessias e nas praias com o objetivo de assegurar a salvaguarda da vida humana no mar, rios e lagos, a segurança da navegação e a prevenção da poluição hídrica oriunda de embarcações.
Além das abordagens em embarcações e orientações sobre os procedimentos de embarque e desembarque, foram distribuídos panfletos educativos e realizadas ações de conscientização para prevenir acidentes de escalpelamento.
No Pará, a atividade ocorreu nos municípios de Belém, Salinópolis, Abaetetuba, Marudá, Vigia, Vista Alegre, Breves, onde a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental efetuou 1.268 abordagens em embarcações, sendo 42 notificadas e 15 apreendidas. Já a Capitania Fluvial de Santarém inspecionou 510 meios, sendo 21 notificados e dois apreendidos. Também houve, em Santarém (PA), doação de 22 coletes salva-vidas para ribeirinhos e ministração de 82 palestras sobre segurança da navegação, atingindo 1.638 pessoas.
Comandante de embarcação passa por teste com etilômetro no Piauí
Durante a Operação “Verão”, a Capitania dos Portos do Amapá e a Agência da Capitania dos Portos no Oiapoque reforçaram as ações de fiscalização do tráfego aquaviário e a divulgação, junto a comandantes, tripulantes e passageiros de embarcações, sobre a importância de não trafegarem com embarcações irregulares, que colocam em risco a segurança do tráfego de embarcações e dos passageiros. Realizada nos municípios de Macapá, Santana, Mazagão, Itaubal e Oiapoque (AP), a Operação contabilizou 766 abordagens, 47 notificações e 11 apreensões de embarcações. Foram realizados ainda 52 testes com etilômetro, 163 palestras educativas com alcance de 1.032 ouvintes, doação de 20 coletes salva-vidas, 22 arqueações e instalação de seis coberturas de eixo de motor de barcos para prevenir o escalpelamento.
No Piauí, foram realizadas 188 abordagens, com 8 notificações e abertos 2 Inquéritos Administrativos de Acidentes e Fatos da Navegação. Além do incremento nas inspeções navais, militares da Capitania dos Portos do Piauí também orientaram passageiros e tripulantes sobre as medidas necessárias para uma navegação segura.
No Maranhão, as atividades da Operação “Verão 2021/2022” ocorrerão até 8 de março de 2022 na orla metropolitana de São Luís (MA) e localidades onde há maior concentração turística, verificando as condições gerais das embarcações, lotação, documentações como inscrição da embarcação e habilitação dos condutores e, demais tripulantes e materiais de salvatagem. A Capitania dos Portos do Maranhão já fiscalizou 945 embarcações, sendo 11 notificadas e 1 apreendida devido as infrações à Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário.