O Laboratório Farmacêutico da Marinha, com sede na cidade do Rio de Janeiro, foi criado em 14 de novembro de 1906 e promove a pesquisa, o desenvolvimento, a produção, a distribuição e a comercialização de medicamentos e alimentos para a Marinha do Brasil e para órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Em 2013, teve reconhecida sua capacitação para o desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, sendo convertido em Instituição Científica e Tecnologia – ICT, sendo a primeira entre os laboratórios farmacêuticos das Forças Armadas. Desde então, o LFM vem ampliando sua atuação na pesquisa, desenvolvimento e inovação, com a preocupação de promover o desenvolvimento e a fabricação de produtos estratégicos em território nacional, o que evidencia a importância desta Instituição paraa sustentabilidade dasaúdedo País.
No combate a Doenças Negligenciadas, o LFM trabalha em dois projetos de pesquisa. Mas o que são essas doenças?
São doenças tropicais endêmicas que acometem especialmente as populações da África, Ásia e América Latina, como a malária, a doença de Chagas e a esquistossomose. Por afetarem principalmente populações de baixa renda, essas enfermidades apresentam investimentos reduzidos em pesquisas, em produção de medicamentos e em seu controle. No entanto, tendo mais de um bilhão de pessoas infectadas, juntas elas são responsáveis por cerca de 500 mil a 1 milhão de óbitos anualmente, constituindo algumas das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, além de contribuírem para a manutenção do quadro de desigualdade, já que representam forte entrave ao desenvolvimento dos países.
Desenvolvimento de Formulação Pediátrica de Praziquantel com o Emprego da Técnica de Hot Melt Extrusion
O Praziqualtel (PZQ) é o fármaco de escolha no tratamento de diversas helmintíases, especialmente da esquistossomose, estando por isso na lista de fármacos essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, o medicamento possui sabor amargo e não é encontrado numa dose adequada para crianças, o que pode aumentar efeitos colaterais e prejudicar o tratamento. O projeto do LFM, em parceria com Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos-FIOCRUZ), tem por objetivo a aplicação da técnica de extrusão a quente, conhecida como Hot Melt Extrusion (HME), para a produção de uma formulação pediátrica de PZQ, com sabor mascarado através do revestimento do pó e com biodisponibilidade melhorada, gerando um produto moderno e eficaz para o tratamento de helmintíases infantis.
Desenvolvimento de Medicamento Similar de Benznidazol 100 mg Comprimido para o Tratamento da Doença de Chagas
A Doença de Chagas é uma antropozoonose causada pelo Trypanosoma cruzi, cujo vetor é conhecido popularmente como barbeiro. O Benznidazol é o medicamento usado para a quimioterapia específca dessa enfermidade e, possivelmente, atua através da inibição da capacidade de multiplicação do parasito. Desde 1970, o Laboratório Roche era o único produtor e distribuidor do mesmo. Em 2003, foi assinado um acordo de transferência de tecnologia para o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE) e a Roche encerrou sua produção, tornando o Brasil o único produtor mundial deste medicamento. No entanto, apenasum laboratório público não é sufciente para atender a grande demanda do País, e por isso o LFM trabalha no desenvolvimento do produto Benznidazol 100 mg, com possibilidade de fornecimento para outros países.
O LFM também faz contribuições para o combate a ameaças Nucleares, Biológicas, Químicas e Radiológicas (NBQR)!
Projeto Azul da Prússia: Atuação do Laboratório Farmacêutico da Marinha na Defesa Radiológica e Nuclear
Em 1987, ocorreu em Goiânia um grave episódio de contaminação por radioatividade com Césio-137. Durante o acidente, o Azul da Prússia (Ferrocianeto Férrico), substância capaz de se ligar a césio e tálio radioativos, teve ampla utilização e ação comprovada na descontaminação de materiais e superfícies corpóreas. Atualmente, o único medicamento aprovado pelo órgão Food and Drug Administration (FDA) é o Radiogardase®, produzido por uma empresa alemã. Nesse sentido, para evitar a dependência internacional e contribuir para autonomia do Brasil na Defesa Radiológica e Nuclear, foi iniciado o trabalho de pesquisa e desenvolvimento do produto LFM-Azul da Prússia 500 mg cápsulas.
Defesa Biológica: Desenvolvimento do Medicamento LFM- Ciprofloxacino 500 mg
O Laboratório atua na defesa contra ameaças biológicas por meio da pesquisa para o desenvolvimento do Ciprofloxacino 500 mg, indicado no combate ao Bacillus anthracis, conhecido popularmente como Antraz. Este medicamento é ainda utilizado no tratamento de infecções urinárias, respiratórias, gastrointestinais ecomosegundalinhana tuberculose.
O LFM ainda atua na busca de inovações em nutrição e alimentos!
Projeto Quercetina:
Desenvolvimento de Alimento Funcional com Quercetina
O projeto foi criado com o objetivo de desenvolver um alimento funcional de caráter dual enriquecido com quercetina, uma substância de origem natural, para utilização por tropas militares, com o intuito de melhorar a resistência aos exercícios físicos, a imunidade e o foco nas tarefas desempenhadas. A literatura aponta diversas propriedades farmacêuticas para essa substância, especialmente o combate a doenças relacionadas à produção excessiva de radicais livres, como cardiovasculares, diabetes, câncer e nas insufciências renal e hepática. O produto a ser obtido representa uma alternativa nutritiva, tendo potencial para ser incluído na alimentação rotineira das tropas militares e ainda de atletas de alto desempenho.
Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo
As Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) são baseadas na cooperação mediante acordo entre instituições públicas e entre instituições públicas e entidades privadas para desenvolvimento, transferência e absorção de tecnologia, produção, capacitação produtiva e tecnológica do País em produtos estratégicos para atendimento às demandas do SUS, visando, entre outras coisas, ampliar o acesso da população a produtos estratégicos, diminuir a vulnerabilidade do SUS, e reduzir as dependências produtiva e tecnológica para atender às necessidades de saúde da população brasileira.