No ano de 1500, Juan de La Cosa desenha carta de marear do trecho de nossa costa norte, com aproximação considerável. Dois anos depois, no Planisfério de Cantino (figura), o Brasil é representado pela primeira vez e, em 1508, preciosas informações sobre a navegação na costa do Brasil figuram no Roteiro de Duarte Pacheco Pereira.
Dentre os vários trabalhos cartográficos sobre o Brasil, nos séculos XVI e XVII, merecem destaque os de George Marcgrave, cartógrafo alemão que veio para o Brasil com Maurício de Nass
Em 1798, é criada, em Portugal, a Sociedade Real Marítima Militar e Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das Cartas Hidrográficas, Geográficas e Militares, a famosa Sociedade Real Marítima, que vai dar ênfase à importância da feitura de cartas
hidrográficas. São resultado da atuação da Sociedade Real Marítima, o plano do porto da Paraíba, o plano da Ilha de Fernão de Noronha, a carta da costa setentrional do Brasil, o reconhecimento da foz do Rio Pará, o plano do porto do Rio Paraíba, o plano do porto de Pernambuco, o plano da Armação e enseada de Imbituba, a Memória que expõe todas as derrotas do Maranhão e do Pará e as cartas do canal do Amazonas, de Bailique a Macapá. É fruto, também, da iniciativa da Sociedade Real Marítima a criação da Escola de Práticos, instalada em Belém, definitivamente, para apoio à navegação segura nas costas do Maranhão e do Pará.
Os reflexos sobre Portugal das campanhas napoleônicas são altamente negativos para a Sociedade Real Marítima, mas trazem benefícios para o Brasil. A Companhia de Guardas-Marinhas da Real Academia transfere-se para o Brasil, com o Depósito de Escritos de Academia, que integrava o acervo da Sociedade Real Marítima. É criado, então, no Rio de Janeiro, em 1808, o Arquivo Militar, ao qual foram recolhidas “mais de mil cartas e planos, em mil e duzentas folhas, fora de 58 várias perspectivas”.
Ainda sob a inspiração do espírito da Sociedade Real Marítima, após 1808, são dignos de especial referência a Planta Hidrográfica do porto do Rio de Janeiro e a Coleção Hidrográfica de 15 mapas, desde o Rio de Janeiro até o Rio da Prata e Buenos Aires, levada a termo de 1819 a 1821.
No Planisfério de Cantino, em 1502, reproduzindo original português, surge a primeira representação cartográfica da costa, que viria a ser descrita, em minúcia, no Esmeraldo de Situ Orbis, de 1508. Mas são os Reineis, pai e filho, em 1519 com a Carta do Brasil, que traçam o inteiro litoral, do Amazonas ao Chuí.
O Roteiro do Brasil, de Luiz Teixeira, em 1586, publica uma carta geral e cartas particulares de vários portos. Quarenta anos depois, João Teixeira Albernaz produz outros Atlas, de uma carta geral e dezenove particulares, o Livro que dá Rezão do Estado do Brasil.
Cartografia Portuguesa dos séculos XVIII e XIX
Durante o século XVIII declinara a primeira política cartográfica de Portugal e do mundo: com a invenção do cronômetro e a solução do problema da determinação da longitude, passava a cartografia náutica por uma verdadeira revolução. As cartas portuguesas do século XVII tornaram-se obsoletas e era preciso rever os levantamentos em todo o mundo. Com esse propósito, foi criada a Sociedade Real Marítima Militar e Geográfica, em Portugal que se extinguiu com as invasões francesas, mas deixou marcos importantes de seu trabalho na costa do Brasil. Algumas cartas bastante interessantes, hoje depositadas nas mapotecas do Serviço de Documentação da Marinha e do Palácio do Itamaraty, demonstraram a qualidade dos serviços hidrográficos portugueses desse período:
O Plano Topográfico, Porto e Entrada do Rio de Janeiro e seus Oredores, por Francisco João Roscio, 1778, considerada a mais bela e precisa carta da baia de Guanabara; a Carta Reduzida do Oceano Atlântico, por José Fernandes Portugal, 1791, traçada em cores sobre pergaminho; a Planta Hidrográfica do Porto do Rio de Janeiro, feita por oficiais da Armada Real, sob a chefia do Capitão-Tenente Diogo Jorge de Brito, em 1810, que é o marca da chegada ao Brasil da mais apurada técnica hidrográfica.
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