Início do processo no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 do CTR/IPEN
São Paulo (SP) – No dia 13 de maio, a Marinha do Brasil, em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), realizou a desinfestação e higienização por irradiação do quadro histórico do Almirante Álvaro Alberto, pertencente à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM). O procedimento ocorreu no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR).
O professor Dr. Pablo Vasquez, responsável pela linha de pesquisa para preservação de acervos culturais com radiação ionizante do IPEN, explica que o processo é conhecido como ionização gama. “A radiação gama, proveniente do Cobalto-60, representa uma alternativa altamente eficiente que ajuda a preservar e a conservar materiais orgânicos susceptíveis de serem afetados por agentes biodegradantes, como insetos e microorganismos. A técnica não deixa resíduos de radiação e dispensa a quarentena. Além disso, os objetos são tratados ainda em suas embalagens de transporte, devido às características de penetração da radiação gama. Objetos contaminados com insetos podem ser tratados em aproximadamente 30 a 40 minutos”, afirma Vasquez.
As obras de arte, integrantes do patrimônio cultural da humanidade, estão expostas a degradações físicas, químicas e biológicas. Na América do Sul, o IPEN é pioneiro nessa aplicação, tendo conquistado ampla aceitação nas instituições de preservação nos últimos anos.
Diversos países, como França, Holanda, Itália, Romênia, Japão, Áustria, Polônia, Alemanha e República Tcheca, empregam a radiação ionizante para desinfestar obras de arte e promovem extensas pesquisas nesse campo. As obras de patrimônio histórico e cultural têm se beneficiado dessa tecnologia, que não gera resíduos tóxicos ou radioativos.
Isolda Costa, diretora do IPEN, ressalta que o equipamento foi desenvolvido pela instituição com tecnologia 100% nacional em 2004. Trata-se da única instalação pública no país que oferece o procedimento com elevados padrões de segurança e eficiência, além de colaborar com instituições públicas na transferência de tecnologia. “Além de quadros e outros materiais, o irradiador esteriliza os insumos para a radiofarmácia do Brasil, garantindo segurança nas aplicações médicas específicas”, comenta Isolda.
A adoção da radiação apresenta vantagens significativas em comparação aos métodos químicos: não requer período de quarentena após o tratamento, não gera gases tóxicos ou substâncias nocivas. Assim, não há impactos à saúde dos profissionais que realizam o processamento ou o manuseio das obras, nem ao meio ambiente.
Esta tecnologia avançada oferece uma alternativa segura para a preservação de objetos históricos, não utiliza agentes químicos perigosos, como o óxido de etileno, conhecido por suas propriedades tóxicas e cancerígenas. A técnica dispensa a quarentena e não provoca ativação dos materiais tratados, garantindo que os itens permaneçam livres de contaminação e prontos para serem restaurados ou armazenados com segurança.
Para o Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, o serviço realizado pelo IPEN é histórico e de grande relevância, demonstrando compromisso com a excelência científica e tecnológica.
“A irradiação nuclear realizada pelo IPEN evidencia um elevado nível de competência e desenvolvimento tecnológico, além de assegurar a conservação e proteção de uma importante obra de arte, permitindo que as futuras gerações possam visualizar e se inspirar na história e legado do Almirante Álvaro Alberto, um dos precursores do desenvolvimento da pesquisa nuclear no país”, conclui o Almirante Rabello.
Após higienizado no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, o quadro do Almirante Álvaro Alberto foi devolvido no mesmo dia à DGDNTM pela diretora do IPEN e pelo professor Pablo.
O quadro higienizado sendo recebido pelo Chefe de Gabinete da DGDNTMna Superintendência do IPEN