A Idéia do Submarino na Marinha do Brasil
A idéia de dotar a Armada Brasileira com uma nova arma para a Guerra Naval germinou com o desenvolvimento, ainda embrionário, do submarino no final do século XIX e início do século XX.
Eventos históricos, como as experiências com protótipos realizadas por LUIZ JACINTHO GOMES e EMÍLIO JÚLIO HESS, foram alvos de reportagens sensacionais e de grande importância para a época, com repercussões no exterior. Em 1891, o então Primeiro-Tenente FELINTO PERRY encetava, com entusiasmo e competência, uma campanha para aquisição de submarinos para o Brasil. Seus trabalhos, publicados nos periódicos da época, foram motivos de reflexão e de ampla discussão, despertando o interesse público e motivando a Alta Administração Naval. Em uma sentença, já àquela época, o Tenente PERRY destacava o valor do submarino para a defesa da soberania do Estado: "...que o Brasil veja, o quanto antes, iniciada a sua Marinha no manejo dessa arma poderosa incontestavelmente, fator importantíssimo na defesa das fronteiras marítimas." Em 1904, o Ministro dos Negócios da Marinha, Almirante JÚLIO CÉSAR DE NORONHA, incluía três submersíveis no Programa de Construção Naval. A aprovação deste programa pelo Congresso Nacional deveu-se, em particular, ao prestígio parlamentar de LAURINDO PITTA, que habilmente motivou a Câmara dos Deputados para tramitação do projeto, em defesa da reconstituição do Poder Naval brasileiro. O epílogo da campanha de aquisição de submersíveis para a Marinha do Brasil e o início da vida dessa nova categoria de navios na MB vieram a se concretizar em 1911, quando o Ministro da Marinha, Vice-Almirante JOAQUIM MARQUES BAPTISTA DE LEÃO, criou a Sub-Comissão Naval na Europa, em La Spezia, Itália, para fiscalizar a construção de três submersíveis encomendados ao Governo italiano. Foi nomeado para o cargo de Chefe dessa Sub-Comissão o Capitão-de-Corveta FELINTO PERRY.
COMANDANTE FELINTO PERRY - Felinto Perry nasceu no Rio de Janeiro, em 1870. Ingressou na Escola Naval, sendo promovido a aspirante a guarda Marinha em março de 1886. Foi nomeado capitão do porto do Rio Grande do Sul em 1891. Exerceu diversas funções, entre as quais, o comando das torpedeiras Araguary e Pedro Affonso, do navio-escola cruzador Primeiro de Março e do destroyer Pará. Em março de 1902, quando era primeiro tenente, foi nomeado adido naval na França e na Alemanha. Exonerado do cargo de imediato do cruzador Tiradentes em fevereiro de 1905, foi nomeado secretário e ajudante de ordens do comando da Segunda Divisão Naval do Sul. Em fevereiro de 1909, quando ocupava o posto de capitão de corveta, foi nomeado chefe de gabinete do Ministro da Marinha. Felinto Perry foi o primeiro comandante da Flotilha de Submersíveis criada em 1914 com a chegada ao Brasil dos submarinos F-1, F-3 e F-5 fabricados na Itália. Em novembro de 1920 foi nomeado diretor da Escola Naval de Guerra, cargo que exerceu até novembro de 1922. Em agosto de 1921, substituiu o Almirante Alexandrino de Alencar na presidência do Clube Naval. Faleceu em dezembro de 1929, quando ocupava o posto de Vice-Almirante.