Norte do País se previne contra nova seca severa, prevista para segundo semestre

Marinha atua em diferentes frentes para prevenir acidentes em região que depende do transporte aquaviário .

Municípios nas bacias dos rios Madeira, Mearin, Negro, Solimões, Tapajós e Tocantins-Araguai aperfeiçoam resposta à nova seca severa prevista para este segundo semestre. Segundo antecipou o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa, a expectativa é de que a vazante se aproxime ou ultrapasse a marca histórica de 2023.

A baixa dos níveis dos rios além do normal, traz consequências para a economia local, que depende das hidrovias para escoar sua produção, e para a sociedade, que não consegue acesso a insumos de primeira necessidade, como água potável, alimentos e medicamentos. No ano passado, 60 dos 62 municípios do Amazonas chegaram a declarar situação de emergência, assim como algumas cidades de Rondônia.

Este ano, a Marinha do Brasil (MB) anunciou um plano de ação, dentro de sua esfera de atuação, para prevenir possível calamidade. Desde abril são realizados levantamentos hidrográficos de áreas críticas, como a Passagem do Tabocal e a Foz do Rio Madeira, para atualizar as plantas batimétricas disponibilizadas aos navegantes. Esses documentos indicam a profundidade dos corpos d’água.

A tripulação do Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) “Rio Solimões”, por exemplo, se dedica atualmente à sondagem em 33 trechos críticos para a segurança da navegação no Rio Madeira. “Esse trabalho tem como objetivo mapear um canal seguro para que os navegantes possam trafegar com as suas embarcações durante o período da seca”, explica o Comandante do navio, Capitão-Tenente Raphael Teles.

Aviso Hidroceanográfico Fluvial “Rio Solimões” e lancha “Maraã”, do CHN-9, trabalham juntos na sondagem de trechos do Rio Madeira – Imagem: Segundo-Sargento-MR Tiago Marinho
 

Fiscalização da dragagem

As plantas batimétricas atualizadas pela MB também subsidiaram a elaboração do plano de dragagem do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que deve executar, em regime de urgência, obras nos rios Madeira, Amazonas e Solimões. Elas estão previstas no cronograma do Ministério de Portos e Aeroportos, que anunciou, em junho, o aporte de mais de R$ 500 milhões para essa finalidade.

O plano elaborado pelo DNIT precisou, ainda, de aval prévio da Marinha. “A autorização é obrigatória, porque uma dragagem feita sem a supervisão da segurança da navegação pode causar algum problema para a população e para a região como um todo”, esclarece o Capitão dos Portos da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC), Capitão de Mar e Guerra André Carvalhaes.

Questões como a área de despejo do material dragado e se há cabos subaquáticos no local pretendido foram avaliadas pela Marinha, que seguirá monitorando as obras. “Existe um acompanhamento da Capitania, que vai, de tempos em tempos, em inspeções regulares e ocasionais, verificar se a dragagem está sendo feita onde está no plano de interferência previa que foi autorizado”, afirma o Capitão dos Portos.

Prevenção e contenção

Além da sondagem, o AvHoFlu “Rio Solimões” e demais navios do Centro de Hidrografia e Navegação do Noroeste (CHN-9) têm acompanhado diariamente as réguas fluviométricas, instrumentos que monitoram a variação do volume de água dos rios. “Caso seja necessário, os meios também podem realizar uma sinalização emergencial em alguns trechos”, explica o Comandante.

Durante o período de seca do ano passado, a Marinha precisou sinalizar trechos críticos do Rio Amazonas e da Foz do Rio Madeira. O balizamento foi feito por meio de painéis fixados em terra, com indicativos de manobras e rotas a seguir. As orientações visaram respaldar as decisões dos navegantes, evitando, assim, encalhe de embarcações e acidentes de navegação.

Capitania Fluvial de Porto Velho ampliou inspeções navais no Rio Madeira para garantir a segurança da navegação – Imagem: Marinha do Brasil
 

Outra medida adotada pela Marinha para garantir a segurança fluvial foi a proibição da navegação noturna no Rio Madeira, entre Porto Velho (RO) e Novo Aripuranã (AM), por prazo indeterminado. A portaria, emitida pela Capitania Fluvial de Porto Velho (CFPV), é voltada para comboios (conjunto de barcaças conectadas, empurradas ou rebocadas por um navio) e demais embarcações.

No último dia 19, o rio atingiu o menor nível histórico para o mês de julho ― a cota registrada foi 3,08 metros na estação de monitoramento do Serviço Geológico do Brasil em Porto Velho. “Temos acompanhado diuturnamente a situação dos rios e lagos de nossa área de jurisdição”, afirma o Capitão Fluvial de Porto Velho (CFPV), Capitão de Fragata Matheus Firmino.

As ações preventivas foram reforçadas com o aumento de inspeções navais nesse período. “Incrementamos o guarnecimento em ações de presença no Rio Madeira e estamos mapeando os principais pontos críticos da seca e as comunidades atingidas, agilizando os trâmites administrativos de pedidos de obras e no tocante às embarcações”, explica o titular da CFPV.

Navio de Assistência Hospitalar “Soares de Meirelles” distribui cestas básicas a comunidades ribeirinhas, durante período de seca – Imagem: Marinha do Brasil

Apoio humanitário

Além de ações para evitar incidentes, a MB mantém seus navios, lanchas e helicópteros aptos para pronto emprego, em qualquer tempo, em ações humanitárias. No ano passado, o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Soares de Meirelles” foi o principal meio de transporte para distribuição de cestas básicas e água potável às comunidades ribeirinhas, população mais afetada pela seca severa.

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O navio, que tem autonomia de 30 dias sem necessidade de abastecer, percorreu o equivalente a 3.150 quilômetros do Alto Solimões, no Amazonas, passando por municípios como Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins. Além de distribuir os suprimentos, proporcionou atendimentos médico e odontológico para moradores de regiões de difícil acesso.

A MB conta, ainda, com o apoio de embarcações menores das Capitanias Fluviais da Amazônia Ocidental, de Tabatinga e de Porto Velho; das Agências Fluviais de Boca do Acre, de Guajará-Mirim, de Humaitá, de Itacoatiara e de Cruzeiro do Sul; e do Grupo de Embarcações de Operações Ribeirinhas do Amazonas, além de aeronaves UH-12 “Esquilo”, do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Noroeste.

*Capa: Defesa Civil de Porto Velho
*Colaboração de Primeiro-Tenente (RM2-T) Elisanaluz Ramos e Cabo-RM2-AD Ana Paula Pará

Fonte: Agência Marinha de Notícias
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Data da Publicação: 05/AGO/2024